A minha maior mágoa é já ter dito todas as palavras, mesmo as que podia usar para me xingar, mesmo as que podia usar só para dizer que passei neste mundo e ele nem sentiu, mesmo as que podia usar para te maltratar, mesmo as que usaria para me calar.
É que nem um papelzinho escrevi, que tenha amassado e enterrado para arqueólogos do futuro encontrarem e dizerem que eu estive aqui.
É que nem um papelzinho escrevi, que tenha amassado e enterrado para arqueólogos do futuro encontrarem e dizerem que eu estive aqui.
Mas também quem é que queria saber da minha vontade de abraçar o mundo, de viver todos os instantes desde a noite à madrugada passando pelo dia a dia e terminando noite dentro?
Que palavras eu teria usado para dizer que dancei no baile a noite inteira se eu não fui ao baile?
Que palavras eu ia usar para descrever os sorrisos que me esqueci de sorrir só porque pensava que o mundo estava a cair e o culpado do eixo da terra ser inclinado era eu?
Que palavras gastaria para descrever o meu aspecto desajeitadamente tímido e sem pinta de gente gira como foto de publicidade?
Afinal de contas acho que eu fiz bem em guardar algumas palavras para uma ocasião especial, sem desmaiar, ser ser ridículo e nem me perder em beijos nervosos. É que as vou guardando e um dia pode ser as precise para contar estórias de encantar, enganar ou simplesmente empatar tempo. Eu as guardo, pode ser que um dia eu precise para descrever ciúmes ou estórias de letras grandes em grandes prosas que um dia possam ficar arrumadas em muitas folhas de papel.
Afinal eu as guardo para um dia escrever um texto meu sobre mim, quem sabe eu mereça e me recorde ainda quem sou.
Sanzalando
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