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14 de setembro de 2013

retrato


Eu sei, não me chamasse eu Zé Ninguém, e tudo o que eu tenho não são mais que apenas estórias e que todas as fotografias que tirei mais não são que velhas fotografias. Eu sei, exactamente agora, que bani o Sofrimento, que enterrei a Saudade, que fugi da Nostalgia, que me embrenhei na Neblina, que todas as minhas velhas estórias são fotografias do Passado, mesmo que estejam a acontecer. 
Eu Zé, de apelido Ninguém, posso ver mesmo quando estou de olhos fechados na escuridão, que tudo o que fui não fui fruto da Tristeza, não fui risco calculado nem passei em vão pelas portas da vida, nem trambulhei em maravilhosos sonhos, nem me afoguei em Arrogância. Posso ver que neste momento sou igual ao infinito por mais bonito que ele seja, por mais longe ele esteja, por mais noite, escura seja.
Eu, Zé Ninguém, bem vestido mesmo nu, voz doce mesmo quando calada, um dia acordarei incompleto porque olhar-me-ei e verei que sem solidão estou sozinho, que sem lágrimas chorarei e num aparte lembrar-me-ei que já não me recordo de mim, já não me reconheço no reflexo dum vidro polido.



Sanzalando

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