Acabado de começar a reviver, depois de anos loucos de amnésia voluntária, parece-me que o Mundo é uma maravilha e se digo que não tenho olhos para ninguém, não o faço apenas para não dar em doido, nem me arrastar de joelhos num lambe botas, nem na ânsia de ouvir uma gargalhada ou ver o esboço de um sorriso, nem pelo conformismo de não poder olhar e ver se dormes ou estás acordada, nem se alguma vez te recordas de cada segundo dum passado que nem já nem deves saber se aconteceu.
Acabado de começar, julgo que não existe um nós em parte alguma a que o mundo esteja preso e que segreda aos ouvidos as minhas palavras vagabundas, como se abraçasse o coração, beijasse a boca e acariciasse o corpo que não sabe se existe ainda.
Acabado de começar, recuso envelhecer para não esquecer as estórias que vivi, inventei ou desejei e tento transformar em literatura o filme da vida, apenas para me livrar dela.
Acabado e porém já envelhecido, está na hora de dar cor às palavras e rever os filmes que passam nos cinemas ou na televisão, comer pipocas e quem sabe de vez em quando dar uma gargalhada para lembrar que estou aqui.
Acabado de começar e pronto para terminar sigo à risca o que em cada dia direi e riscarei em forma de silêncio, como se fosse o ponto inicial duma virgula gramatical.
Acabado de começar e pronto para terminar sigo à risca o que em cada dia direi e riscarei em forma de silêncio, como se fosse o ponto inicial duma virgula gramatical.
Sanzalando
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