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14 de setembro de 2005

Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - VIII

Bebo o que resta na minha taça, enquanto de olhar erudito escolho a garrafa que vai levar a minha mensagem até ao destino que ela à sorte escolherá.
Dou-me conta de que a garrafa escolhida não tem rolha. Porque raio gosto mais desta garrafa que das outras? Que tem ela a mais que as outras não têm? A sua cor deve proteger melhor as folhas de papel de cor amarelada da acção noviça dos raios de Sol. Tiro com os dentes a que veio com a garrafa de vinho. Aproveito para encher a minha taça e observo com todos os cuidados e mais alguns se tem imperfeições. Parece-me larga demais. Pensando bem, ao fim de contas é melhor, pois evitará, de uma maneira mais eficaz, que a água deste zulmarinho destrua o conteúdo que foi custoso de criar.
Enrolo o papel onde há, para além do texto, um endereço de e-mail, sem necessidade de o dobrar e vincar. Faço-o como um ritual, com um ar solene, pelo que julgo transparecer-me na cara um misto de tristeza e alegria, de sonho e de estar bem acordado.
Nenhum nome, nenhum dado pessoal, nada que indique ou insinue a identificação do remetente, nem mesmo o país de origem. Não consta a data porque esta mensagem é intemporal. Nada liga a mensagem a esta Esplanada à beira do fim do zulmarinho onde há uma escada que desce até o nível da areia e revela uma praia um pouco afastada da cidade.
Bebo mais um pouco. Fico a admirar esta divina obra de arte.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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