"Fio": Um café na Esplanada
carranca
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Usando as garrafas...V Hoje, 20:11
Forum: Conversas de Café
Hoje, quase uma vida inteira depois, sentado nesta Esplanada, olhando o zulmarinho que cada dia que passa vai ficando mais arrepiado do frio que lhe entra pelas ondas, parecendo mesmo aquilo que é costume chamar de mar picado. Em cada novo dia deixa transparecer nas suas ondas um início de revolta, uma raiva contida que se liberta nos salpicos, que mais não são que as suas lágrimas. Bebo mais um pouco deste vinho presumivelmente bom. Vejo que as pilhas do leitor de CD estão a dar as sua últimas descargas de corrente. Quantas vezes já ouvi o CD Missangas? 2? 3? Que importa se este foi o que escolhi para criar o ambiente propício para que a mensagem seja escrita no mais puro dos sentimentos, nas mais claras ideias e na mais solitária solidão. Peço a alguém para me arranjar uma novas. Não posso ser perturbado. Não o quero ser! Tenho de estar eu e o meu pensamento. Tenho que ter todas as linhas do pensamento bem alinhavadas, só quero estar a pensar em ti, quero ter-te comigo, saborear cada aragem do teu perfume, cada gota do teu suor. Quer sentir-te para melhor pensar a mensagem que te escrevo e que colocarei numa das garrafas que tenho à minha frente e que ainda não escolhi, não sabendo se tu ou outro alguém a lerá.
Tudo aquilo que eu tinha pensado como mais importante do que a minha própria felicidade desabou. De forma paulatina se criaram encruzilhadas, labirintos, linhas rectas e tracejadas, formas geométricas aleatórias que ousei chamar de vida. Pouco mais resta que ruínas da vida que escolhi, pedaços dispersos de um enigma indecifrável, frases soltas que se interligam de forma não textualizada. Eu que abri mão de ti em nome de tanta coisa, estou aqui sentado sozinho, como sozinho estarei doravante, pensando no que perdi, no que ganhei, enfim, fazendo um balanço da minha vida para tentar me reerguer e concluir que ela não passou de um enorme empreendimento mal sucedido.
Sanzalando em AngolaTudo aquilo que eu tinha pensado como mais importante do que a minha própria felicidade desabou. De forma paulatina se criaram encruzilhadas, labirintos, linhas rectas e tracejadas, formas geométricas aleatórias que ousei chamar de vida. Pouco mais resta que ruínas da vida que escolhi, pedaços dispersos de um enigma indecifrável, frases soltas que se interligam de forma não textualizada. Eu que abri mão de ti em nome de tanta coisa, estou aqui sentado sozinho, como sozinho estarei doravante, pensando no que perdi, no que ganhei, enfim, fazendo um balanço da minha vida para tentar me reerguer e concluir que ela não passou de um enorme empreendimento mal sucedido.
Carlos Carranca
Às vezes ensaio e «desorganizo-me» em novos personagens. Então, a vertigem de voar livremente pelo desconhecido e o medo de perder o fio confundem-se. É a sublimação da fantasia!
ResponderEliminarBj
E ás vezes é difícil não deixar-se levar por coisas aparentemente simples...ser empurrado por um caminho fora do trilho, mudar de rota sem força para combater a corrente. Às vezes...apetece parar e desistir.
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