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16 de setembro de 2005

Usando as garrafas...fazendo novo Zulmarinho - X

Neste exacto instante aquela garrafa está por aí, nas águas profundas do zulmarinho, esse Oceano que me separa de ti, que é a nossa fronteira. Ou não. Talvez venha a alcançar o seu destino seguindo a rota perfeita, contrariando correntes, ventos e marés, mantendo a minha vontade de chegar ao seu ponto final. Ou talvez tenha sucumbido a alguma tempestade, tenha sido cuspida de volta pelo próprio zulmarinho num ponto mais ou menos escondido deste final dele. Ou poderá ter chocado com o casco de algum navio e se tenha partido em mil cacos. Ou talvez se tenha perdido nalgum mar de ilusões e se tenha apaixonado por uma sereia.
Porque o amor é essencialmente uma ilusão. Quem vai saber?
Agora, livre do fardo de escrever uma mensagem de arrependimento, enterrados os mortos e exorcizados os fantasmas, é hora de encarar a vida.
Retorno a casa, fecho as janelas e encerro-me rodeado de escuridão prometendo não entrar nesse zulmarinho até ter algum sinal do fim da linha.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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