É-me sempre difícil recomeçar, mas não é caso para me juntar aos papéis e às fotografias numa pilha anárquica e geometricamente indefinida, à espera de ser rebuscado para uma utilidade qualquer.
DO PASSANTE AO BIGODES
A Cidade fervilha. Todos os dias se tem notícias de novos “investidores”.
Dos filmes aos “resorts” turísticos, passando pelos Bancos, tudo mexe...
O mercado informal de divisas cresce a bom ritmo, perante o conhecimento de todos e de ninguém. Tudo é transaccionado em notas estrangeiras, enquanto a dobra se “fortalece”.
As empresas (poucas) que cumprem as suas obrigações fiscais, regularmente, vêm passar os negócios ao lado, fruto da concorrência daqueles que não o fazem e que nem sequer são incomodados.
Aos poucos vai-se liquidando os negócios formais e legais, em favor de quem chega com malas de notas e tudo compra, até as consciências.
Paga-se sem factura ou recibo, na informalidade que atravessa o tecido social e económico.
Depois não se queixem que não há dinheiro para pagar aos funcionários públicos ou aos militares, porque quem cumpre as suas obrigações fiscais começa a sentir-se “enganado” nesta dança que anima a festa mas não vai cuidar do lixo que ficar.
Depois não esperem que se criem empregos quando se privilegia a volatilidade dos negócios, dos respectivos lucros e das relações, enfim, da vida.
Mas agora circula-se de uma ponta à outra da Cidade na procura da oportunidade de apanhar um pedaço do bolo desta noiva que namora mas não se casa.
Sentados no “Passante” avistam o caminho marginal que os leva para outras paragens. Talvez até ao “Bigodes”, quem sabe, observando as oportunidades que chegam do ar e pelo ar partem, como estação de quem marcou viagem para a festa.
Fruta podre, peixe podre, pano ruim... ... cinquenta angolares... ..porrada se refilares (assim cantava o poeta angolano).
MC
Sanzalando