Caminho vagarosamente como se estivesse parado. Falo. Não paro de falar, mesmo ontem quando disse que estava de férias não me calei. Queria mesmo estar de papo no ar, vagueando no vazio de mim e sentir que eu não existo mais para além do presente. Mas desconsegui só porque tu apareces na minha cabeça como um filme sem intervalo. Mas ontem tirei-me um dia de vida e folguei. Hoje, por causa disso, caminho num passo quase parado como que a querer parar o tempo, essa inútil utilidade.
Trás aí uma birra estupidamente gelada e me acompanha, na bebida, no passo e no pensamento. Isto é, se eu não te estou a pedir muito. Consegues acompanhar-me?
Então me acompanha e vamos ver se são as coisas que não se despedem de mim, ou se sou eu que as impeço de irem embora.
Se as coisas se vão, é porque fogem mansas e silenciosas, sem que eu as perceba. Gastam-se, arruínam-se, desaparecem, escapam-se por entre os dos dedos e viram essa estranha poeira que vagueia pela vida, mudando as cores, misturando-se no ar dando um toque de neblina aos dias, transfigurando as margens deste zulmarinho, que termina aqui mas tem o início lá no começo de tudo.
Tas a ver que é quando o que existe dentro de mim vira mundo novamente, existe sem ser num pensamento palavreado em voz quase rouca de contador de estórias à beira-mar, carcomido pelo sal e torrado pelo sol?
De tantas metas que já escolhi qual terá sido a mais interessante?
Há tantos caminhos que se vão abrindo na minha frente, tantos sonhos sonhados. Todos com um toque especial, mas nenhum permanece imóvel no seu sítio, todos são flutuantes e não rectos divididos ao meio por um equador, todos prometem-me a felicidade a seu modo de ser sonhado.
A minha vida é assim mais com menos como o amor.
O amor é uma grande incógnita. Todos esperamos a ser a pessoa perfeita, cheios de confiança e capazes de resolver todas as exigências e requerimentos em papel timbrado e selado. Queremos ser mundos e pessoas perfeitas e afinal de contas andamos a borrar face da terra com todos os nossos erros. Queremos ser felizes neste mundo tão depressivo, ser sinceros num mundo de mentiras e hipocrisias, ser livres num mundo de tantas prisões e escravaturas, viver em paz num mundo de guerra e violência.
Tas mesmo a acompanhar-me ou estás a deixar-me ir na tua frente que quando te olhar já só te vejo como um ponto lá atrás?
Onde está a ilusão da ideia que me mantém neste mundo, a razão que me dê um pouco de ânimo para levantar-me de manhã e não pensar que a vida é uma acumulação de sucessos supérfluos? Onde está esse sonho que me mantém a salvo deste inferno e me acende a luz da sombra da minha existência?
Como me vês eu sou um realizador real de sonhos sonhados acordado. E tu?
Trás aí uma birra estupidamente gelada e me acompanha, na bebida, no passo e no pensamento. Isto é, se eu não te estou a pedir muito. Consegues acompanhar-me?
Então me acompanha e vamos ver se são as coisas que não se despedem de mim, ou se sou eu que as impeço de irem embora.
Se as coisas se vão, é porque fogem mansas e silenciosas, sem que eu as perceba. Gastam-se, arruínam-se, desaparecem, escapam-se por entre os dos dedos e viram essa estranha poeira que vagueia pela vida, mudando as cores, misturando-se no ar dando um toque de neblina aos dias, transfigurando as margens deste zulmarinho, que termina aqui mas tem o início lá no começo de tudo.
Tas a ver que é quando o que existe dentro de mim vira mundo novamente, existe sem ser num pensamento palavreado em voz quase rouca de contador de estórias à beira-mar, carcomido pelo sal e torrado pelo sol?
De tantas metas que já escolhi qual terá sido a mais interessante?
Há tantos caminhos que se vão abrindo na minha frente, tantos sonhos sonhados. Todos com um toque especial, mas nenhum permanece imóvel no seu sítio, todos são flutuantes e não rectos divididos ao meio por um equador, todos prometem-me a felicidade a seu modo de ser sonhado.
A minha vida é assim mais com menos como o amor.
O amor é uma grande incógnita. Todos esperamos a ser a pessoa perfeita, cheios de confiança e capazes de resolver todas as exigências e requerimentos em papel timbrado e selado. Queremos ser mundos e pessoas perfeitas e afinal de contas andamos a borrar face da terra com todos os nossos erros. Queremos ser felizes neste mundo tão depressivo, ser sinceros num mundo de mentiras e hipocrisias, ser livres num mundo de tantas prisões e escravaturas, viver em paz num mundo de guerra e violência.
Tas mesmo a acompanhar-me ou estás a deixar-me ir na tua frente que quando te olhar já só te vejo como um ponto lá atrás?
Onde está a ilusão da ideia que me mantém neste mundo, a razão que me dê um pouco de ânimo para levantar-me de manhã e não pensar que a vida é uma acumulação de sucessos supérfluos? Onde está esse sonho que me mantém a salvo deste inferno e me acende a luz da sombra da minha existência?
Como me vês eu sou um realizador real de sonhos sonhados acordado. E tu?
Ao crepúsculo fechava-se, como uma anémona, quando se lhe toca e punha-se a sonhar. Fantasiava com a outra margem sem-fim, onde molhava os pés à beira-mar. Brincava ao mata com o pica-pica e todas as noites acrescentava mais uma concha ao seu antigo colar, afeiçoava aquele sonho. Partia resplandecente numa canoa de espumas, a todo o vento, para o longe sem fim, de além da distância. E todas as noites adormecia, antes de chegar à outra margem.
ResponderEliminarLonge no tempo e no fundo mar.
Beijo grande
Bom, respondendo à pergunta da crônica eu diria que se eu tivesse essa capacidade ímpar de escrever já teria escrito um livro. Você é muito bom nas letras, amigo!
ResponderEliminarGostei muito, profundo!
abraços,
Kafé.
MC
ResponderEliminarsempre replandescente numa canoa de emoções
Kafé
você me deixa assim sem palavras para te dizer mais o quê e como
Obrigado