
Tu sabes que eu pertenço a uma classe de pessoas que vivem esperando alguma coisa que não sabem se alguma vez ela vai chegar. Mas a gente espera sem desesperar, sorri quando às vezes apetecia chorar, cala quando às vezes apetecia gritar. Nós somos aqueles que buscam as raízes, estejam elas onde quer que estejam. Desânimo a gente nem conhece de palavra quanto mais de significado. A gente espera com a esperança de uma criança.
Tu sabes que eu faço parte da classe de pessoas que se alegra com o triunfo dos outros e se marimba com as gargalhadas trocistas dos poucos que gargalham nem sabem eles porquê.
Tu sabes que eu faço parte da classe das pessoas que vivem no tempo presente, conhecedoras, mas não chorosas, das épocas gloriosas que pouco brilho tinham, não negando que recebemos as influências adequadas, mas com a consciência que a vida tem um início não pedido e um fim não previsto nessa coisa do tempo que segue a sua convenção de uma forma solitária e inculta. Vivendo nós só e apenas no intervalo dessas duas coisas não pedidas e não previstas.
Não quero com isto estar-te a dizer que eu queria ser imortal, dono do meu destino destinado a ser o que sou, ser dono de poderes fantásticos que me ajudassem a cumprir e viver todos os meus sonhos, que todos os meus pensamentos saíssem da caverna onde se escondem e pudessem chegar onde eu coloquei o destinatário.
Sento-me aqui, falo-te, tu me ouves e eu consigo ver nos teus olhos que me vês como uma teia de aranha geometricamente perfeita, estrategicamente colocada e inesteticamente colorida de branco brilhando ao sol e como pano de fundo um futuro que já é passado.
Mas deixa-me dizer-te que eu sou uma pequena parte do meu lugar no mundo que vivo, que o meu nome corre com o vento e as minhas ideias se edificam nos espaços celestiais.
Com esta já mereço mais uma birra bem geladinha. Anda lá, vai buscar e desenferruja os teus ossos esqueléticos de estar sentado como se fosses um rei.
Sanzalando
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