A Minha Sanzala

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26 de junho de 2006

Maldita velocidade dos sonhos


Caminho para lá e para cá na irrequietude de quem nem apetece estar quieto. Vou enloucrescendo nestas andanças, nestas trocas de sonhos sonhados e vividos. Sonho contigo em cada passo que dou. Me imagino a dirigir-me para ti. Mas os meus sonhos não são um sonho qualquer. Tu não estás nua à minha espera. Tavas-te vestida das tuas vestes garridas, mostrando as tuas formas que me disformam só de imaginar-te. Senti-te a tua pele macia no contacto com a minha equilibrando a temperatura distinta de nossos corpos. Mas a temperatura faz pouca diferença nos sonhos e as imagens exibidas na mente, como no cinema do meu pensamento, as tuas proporções eram mais que reais, fazendo-me esquecer outras sensações e outras distâncias.
Nos meus sonhos eu te dirijo no meu querer, na minha vontade de te ter. A velocidade não é grande, eu sei que não é. Nos sonhos as velocidades não são reais e eu conduzo calmamente.
Não olho a paisagem que me rodeia porque os meus olhos só têm uma direcção e eu consigo sentir-te. Os meus olhos fixam-se mecanicamente à frente. Os reflexos são mínimos, indispensáveis apenas.
Uma das minhas mãos segura o volante da vida com tranquilidade e aparente segurança. A outra diverte-se nos seus desenhando rabiscos no ar como se fossem carícias no teu corpo que se movimenta suavemente debaixo de mim.
A velocidade continua na mesma constante, mas meu coração já só bate no ritmo da ansiedade, acelerado, bombeando um sangue já impregnado pelo perfume que é só teu, que me makumbou para todo o sempre.
Indiferente a percursos ou quilometragens, saboreio cada curva de minha anatomia no teu corpo. Divirto-me numa hipnose dupla.
Maldita velocidade dos sonhos.
Acordo tentando uma última carícia. És-me sempre assim mesmo, intensa e fugaz.

Sanzalando

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