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21 de junho de 2006

Conversa fiada

Me sento aqui, nesta rocha parece é poltrona feita nas minhas medidas, recebo as lágrimas do zulmarinho que fazem de meu ar consecionado, arrefecendo o corpo que esteve colado num rádio de pilhas a ouvir os sons que vinham desde lá longe, mas longe que aqui o final do zulmarinho, que está hoje num azul celestial como que a festejar uma festa de arromba e se atirando com força por sobre a areia de mil cores, parece está a fazer um campeonato de ver qual a gota que vai mais longe. Ouves este som que parece estar abafado no marulhar? Não é o meu coração que bate com essa força toda, mas são os sons dos foguetes que chegam desde lá do início dele.
Foi bonito de ver uns caloiros a se bater com valentia e ouvir no rádio de pilhas os elogios. Arrepiantemente bonito, te digo com todo o coração.
Senta aqui comigo e vamos conversar. Eu hoje estou a fim de conversar fiado. Mas num tem esquecimento numa próxima vez de pagar as que eu não verter hoje.
Mas estava a te dizer que hoje estou afim de conversa fiada, isso mesmo assim. Conversa fiada.
Chega de estar a pensar nessa coisa de politica económica nesse mundo globalizado, cada vez mais dependente de cada vez menos. Chega de falar desse tal de ozono que dizem está assim a ficar como a minha carteira, cada vez mais menos ocupando espaço. Chega de falar dessa coisa de amor que o primeiro passo para o divórcio é mesmo o casamento.
Hoje mesmo não estou nada virado para saber dessas coisas importantes.
Está decidido que quem decide a ordem da importância das classificações importantes sou eu.
Eu hoje é quem decide o que é importante e não tem discussão.
Hoje podemos falar asneiras, gargalhar sem contar piadas, ver filmes que se estreiam pela nona vez nesta tela que é o pensamento.
Mas eu hoje num bebo a minha birra gelada.
Podemos cantar todas as músicas que nos lembrarmos das letras, comer comida com essa coisa de calorias que faz a gente ficar assim como que nem uma bola, ficar aqui em silêncio a ouvir os foguetes que chegam como se fosse a aurora de desde lá da linha recta que é curva e alguns dizem é o horizonte, mas para outros deve ser outra coisa pois o horizonte deles é mesmo ali ao virar da esquina.
Tudo menos pensar no dia de amanhã, tudo menos falar de coisas importantes que a gente fala mas é outro qualquer lá onde é que ele está quem decide, e a gente fica só é mas é rouco e não ganha nem nada com isso.
Alguém por aí está afim de conversar fiado? Além de ti, claro, que estás fielmente sentado ao meu lado que qualquer dia ainda vou ficar a saber és surdo.
Espero que sim...

Sanzalando

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