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12 de junho de 2006

Falar é brincar de viver


Hoje volto a caminhar na beira do zulmarinho. Neste meu caminhar eu ganho o céu porque vou como que absorvido em mim e esqueço todas as outras latitudes e longitudes. Claro está que não estou a pensar esquecer o outro lado da linha recta que é curva. Essa só me dá alegrias e é assim como que gasolina que faz funcionar o meu motor. Num sabias que a gente tem um motor? Ai uê que andas distraído. Se no motor não tem faísca vai trabalhar mais como mesmo? Num faço ideia de onde é que ele está, mas que está eu tenho a certeza.
Neste caminhar eu sigo as pisadas do meu pensamento e vejo que alguém mais sábio que eu disse que o beijo é um procedimento inteligentemente desenvolvido para a interrupção mútua da fala quando as palavras se tornam desnecessárias. Como tu já sabes que este amor não é nem secreto nem platónico eu te queria dar um beijo agorinha mesmo. Na impossibilidade de o fazer eu caminho. Assim me canso e assim me torno mais facilmente teu.
Bebo uma birra para ter capacidade de eu mesmo acompanhar a velocidade do que penso. Às vezes tenho de caminhar mesmo quase que a correr, pois se assim não lhe faço sou ultrapassado por mim, num picar de olhos e eu já mudei de rota e já vou noutro pensamento sem saber que saí do que estava a pensar.
Caminho navegando na magia de imaginar pensamentos que me levam quase sempre para perto de ti.
A verdade é que sou muito terra na terra quando não faço suspense e uma boa prosa falada deve te hipnotizar, te fazer instiga, deixar-te de ouvido do início até mesmo no fim. Eu queria ter esse dom.Falar pensamentos, no meu caso, é mais que uma necessidade - é tentar desvendar esse adulto estranho que se instalou em mim, mas acima de tudo falar é uma brincadeira da criança que habita aqui dentro de mim e que ainda consegue me fazer sorrir com suas doces travessuras.
Falar é brincar de viver
Sanzalando

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