Olho as ondas crispadas do zulmarinho e vou caminhando. O resto do mundo não existe para mim enquanto eu posso estar aqui a caminhar os meus pensamentos, a contar as minhas estórias, que mesmo não tendo acontecido não deixam de ser verdadeiras, porque são minhas. Contar estórias é um acto solitário mesmo que esteja uma roda de gente a me ouvir. Eu vivo as minhas estorias e por isso não posso estar em dois lugares ao mesmo tempo. Contá-las e escutá-las tudo ao mesmo tempo e aí não havia estória.
O tempo passa mas o tempo não me diz nada. O tempo não cura nada, não resolve nada, não apaga nada da memória. O tempo não tem tempo para passar o tempo mais depressa. O tempo só serve para se ver passar o tempo e provar que ele é um inútil. Ele serve para dar-nos experiência quando a experiência já não nos adianta para nada. Ele serve para nos fazer ver o valor das pessoas quando elas já não estão aqui. Ele serve para nos mostrar alguma coisa quando já passou a hora de ver a coisa. Ele serve para nos matar por dentro e por fora. A esperança se fina no tempo, a gente morre no tempo, tudo o que é bom parece perecer com o tempo. O tempo morre com o tempo.
O tempo serve para fazer girar os ponteiros do relógio no sentido convencionado para eles girarem. E porque giram os ponteiros do relógio? Eu queria não ter de me valer do tempo, queria ser auto-suficiente em matéria de instantes e medir o tempo em alguma coisa menos precisa e mais harmoniosa do que horas.
Um segundo. Acabou de passar aqui por mim enquanto eu pensava nele. Não o cheguei nem a ver nem a sentir. Ele passou e nada. Nada mesmo. Vazio.
O tempo é um remédio falsificado, um placebo sem o menor efeito. O tempo me dá rugas. Não as deu ainda, mas vai dar, não tarda o tempo de vê-las chegar.
Ainda tenho tempo para verter uma birra geladinha e olhar para lá da linha recta que é curva e ter esperança de chegar em meu tempo útil.
O tempo passa mas o tempo não me diz nada. O tempo não cura nada, não resolve nada, não apaga nada da memória. O tempo não tem tempo para passar o tempo mais depressa. O tempo só serve para se ver passar o tempo e provar que ele é um inútil. Ele serve para dar-nos experiência quando a experiência já não nos adianta para nada. Ele serve para nos fazer ver o valor das pessoas quando elas já não estão aqui. Ele serve para nos mostrar alguma coisa quando já passou a hora de ver a coisa. Ele serve para nos matar por dentro e por fora. A esperança se fina no tempo, a gente morre no tempo, tudo o que é bom parece perecer com o tempo. O tempo morre com o tempo.
O tempo serve para fazer girar os ponteiros do relógio no sentido convencionado para eles girarem. E porque giram os ponteiros do relógio? Eu queria não ter de me valer do tempo, queria ser auto-suficiente em matéria de instantes e medir o tempo em alguma coisa menos precisa e mais harmoniosa do que horas.
Um segundo. Acabou de passar aqui por mim enquanto eu pensava nele. Não o cheguei nem a ver nem a sentir. Ele passou e nada. Nada mesmo. Vazio.
O tempo é um remédio falsificado, um placebo sem o menor efeito. O tempo me dá rugas. Não as deu ainda, mas vai dar, não tarda o tempo de vê-las chegar.
Ainda tenho tempo para verter uma birra geladinha e olhar para lá da linha recta que é curva e ter esperança de chegar em meu tempo útil.
E tu sonhavas que eu tinha o esquecimento guardado na gaveta do tempo? Não, não pode ser verdade! Para quando o livro? Faltam uns meses e folheio páginas em branco sem letras que me digam que o zulmarinho está mais azul. Um abraço fraterno.
ResponderEliminarMuito bonito o texto. Você nos remete a tudo que está lá. És um escritor maravilhoso.
ResponderEliminarbeijos.
Emanuelle.