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30 de abril de 2020
igual que nem
Cada dia que passa eu digo que até os meus olhos brilham quando falo de ti. É, cada dia eu sei que tinhas de ser tu.
Lá estás tu a dizer que eu fiz ou estou para fazer alguma coisa.
Tal e qual a D. Madalena me dizia.
Mas não. Não fiz nem penso em fazer nada. É só mesmo constatar uma realidade.
Tem cada dia eu penso se é o mesmo que pensas tu. Dúvidas da incógnita. Porque é que tem isso aqui e até na matemática. Dúvida metódica, diria Descartes. Descarto essa. É só mesmo porque pensar faz bem. Medito-me na duvida certa. Eu tenho um coração bonito e por isso vou fazer mais como?
D. Madalena me desconta aí alguma coisa que fiz quando era criança. Não pensava ainda. Dá desconto agora neste futuro incerto.
Mas os meus olhos brilham porque deves estar a pensar em mim. Eu sei. Eu sou sabedor dessas coisas. Acho eu. Convencido que sou. Vou fazer mais como?
Mantenho-me assim: igual.
Sanzalando
29 de abril de 2020
com este sol
Com este sol e este zulmarinho, falo de memória, pois acho começo a ter uma vaga memória dele, me fazem delirar pensamentos que eu acho nunca pensei. Pelo menos nunca menos de uma dúzia de vezes. É mais ou menos assim quando me lembro dos olhos dela, das curvas e do sabor dos beijos que sonhei. Se existisse um manual de pensamentos acho ia ter um meu em cada página. Se houvesse um manual de saudade ia ter uma minha também em cada página.
Na verdade, no meio deste barulho todo ainda cabe o meu silêncio. Pelos menos enquanto houver céu azul para lá do horizonte.
Assim aqueço o meu coração. Com este sol.
Sanzalando
28 de abril de 2020
chegar ao fim
Soleia mas ainda não com o calor da minha terra nem com a vontade de me fazer sair de casa. Faz tempo eu tropeço nas minhas recordações, me divirto nos meus passados e gargalho-me nas minhas desilusões. Soleia tempo de meditação, faz conta a vida é um livro que ninguém folheia, como nos livros de verdade e os que folheiam não entendem nada. Faz conta eu faço uma linha da vida e ela me parece tão tortuosa que não sei como cheguei ao hoje direito.
Mas no livro da vida, na linha da vida, as palavras se trocam, as folhas se colam e na intimidade a gente é mesmo a gente, quer a gente vá para onde a gente for. A linha parece eterna até quase a gente sente chegar ao fim.
Sanzalando
27 de abril de 2020
às vezes
Faz sol que até parece reflecte na alma. É um momento bom para vagabundar os pensamentos aos deus dará, deixá-los ir por aí perdidamente. E isto é assim porque os maus pensamentos e as saudades não resolvidas são as sementes da autodestruição da espécie humana. É por isso que há necessidade destes momentos de meditação, de equilíbrio, para rasurar os pensamentos negativos, mesmo que eles sejam mais de cem.
Vamos lá ver se me explico. É uma luta diária, com feridas, cansaço e até choros. Mas sorrindo, diariamente limpo um bocado desses pensamentos maus e das saudades não resolvidas.
Às vezes só preciso encontrar esses pensamentos soltos e conversar-me. às vezes só preciso duma insónia para matar essas saudades não resolvidas. Às vezes só preciso duma pequena luz para ver os grilos que ouço no subconsciente.
Faz sol brilhante mas ainda não é verão.
Vamos lá ver se me explico. É uma luta diária, com feridas, cansaço e até choros. Mas sorrindo, diariamente limpo um bocado desses pensamentos maus e das saudades não resolvidas.
Às vezes só preciso encontrar esses pensamentos soltos e conversar-me. às vezes só preciso duma insónia para matar essas saudades não resolvidas. Às vezes só preciso duma pequena luz para ver os grilos que ouço no subconsciente.
Faz sol brilhante mas ainda não é verão.
Sanzalando
26 de abril de 2020
me divirto.
Só me apetecia que estivesse chegado a hora de partir a loiça, farrar até de madrugada, ter os pés em ferida de dançar madrugada a dentro. Quero pegar fogo na alma e sair por aí a me divertir faz conta não há amanhã. Quero suar, rir e gargalhar divertidamente. Quero abraçar, acariciar, me enrolar na areia duma praia, quero perder o meu ar depressivo e por à flor da pele o meu humor arrogante. Eu quero tanta coisa mas não posso e por isso sorrindo me levo por aí a me conhecer cada vez mais e a me gostar mais ainda. Vou-me escrever uma carta anónima e dizer-me que amanhã de um dia vai chegar, não tarda e eu tenho de ter paciência.
Me divirto a me conhecer cada canto do meu pensamento.
Sanzalando
Me divirto a me conhecer cada canto do meu pensamento.
Sanzalando
25 de abril de 2020
porque faz sol
Faz sol que eu sinto e eu choro. Como é que é possível? Sem motivo aparente, palpável ou calculável. Bem vistas as coisas a gente sempre tem um motivo. Há lá no fundo uma causa, uma coisa mal guardada, uma negação mental, uma descontinuação amorosa. Há qualquer coisa mesmo que esteja soterrada no esquecimento.
Mas eu hoje estou me apetece é chorar feito bobo da corte ou na corte, umas lágrimas lentas. Eu desconsigo chorar desesperadamente. É mesmo só lentamente porque não posso fazer uma festa. Eu queria fazer uma festa. Grande. Porque faz sol.
Sanzalando
24 de abril de 2020
deixem passar o tempo
Olho o zulmarinho de memória. Sinto o zulmarinho de saudade. Que as minhas palavras conjuguem verbos de futuro. Risonho de preferência. Que todo o meu amor acabe com este sentimento frustrante de inacabado. É! bem pensado. Vamos dar amor a este tempo e com o tempo que temos vamos acabar com o nada que incomoda tanto este tempo. No meu sonho eu sou vida, porque na vida não passo este sonho pesadélico? Já sei é saudade que me não me tira o sorriso e não me deixa cair em tentação.
Hoje até parece que tenho ganas de dizer um até para sempre. É, o melhor mesmo é sorrir e deixar passar o tempo que parece não tem tempo para passar.
Sanzalando
23 de abril de 2020
e se faz sol?
E se faz sol, não aquele sol dos meus tempos de criança, mas um sol que até dá vontade de me levar por uns caminhos de liberdade mental. E se eu me metesse ao caminho e fosse por aí feito livremente cantarolando músicas de inventar? Nestes tempo de hoje seria um crime. Vou só mesmo me libertar em palavras soltas, soletradas na minha cabeça. Começo por arrancar folhas do calendário, adiantar relógios e já estou num dia do futuro. Tomei o meu banho de espuma, me perfumei, te dei um beijo e fui por aí saboreando o gosto dos teus lábios, sorrindo feliz, levando na cara os raios deste sol que já parece o da minha adolescência.
E se faz sol e me apetece levar-te de mão dada passeando por ai neste presente que vai ser só no futuro?
E se faz sol e me apetece ler um livro? Me sento num banco ao sol e me perco no tempo atrás da história que leio.
E se faz sol e me apetece ler um livro? Me sento num banco ao sol e me perco no tempo atrás da história que leio.
Sanzalando
22 de abril de 2020
21 de abril de 2020
euzinho mesmo
Neste tempo dedicado a conhecer-me cada vez mais, a me ver cada vez mais por dentro neste somatório de anos, nesta encruzilhada de sonhos, desejos, ambições e frustrações, eu não perco a realidade de amar, nem que seja apenas na forma dum sorriso, duma piada ou de um olhar. Amar na simplicidade desta existência cada vez mais complicada. Seria irónico, depois de tanto tempo a amar-me eu perder-me em desamores, tornar-me num ácido, áspero, enraivecido. Toda a minha vida desejei, lutei e consegui ser tal e qual sou.
É, escrevendo em silêncio, vou caminhando por mim adentro, realizando-me e melhorando-me. Defeitos.
Sanzalando
20 de abril de 2020
me levo por aí
Passeio pelos meus caminhos imaginados, dou voltas em avenidas inventadas, brinco nas ruas movimentadas por memórias felizes e deixo-me levar por sonhos amarelecidos pelo tempo. Às vezes, para sobreviver, quer em questão semântica ou egoísta, me deixo levar na conversa fiada dum qualquer que me olha como se me olhasse por dentro. Todo o mundo acha que sabe o que me quer, mesmo que eu ache que não, mesmo que o meu pensamento me atraiçoe e pareça que o mundo me cai em cima. Mas eu continuo a passear o meu pensamento em vagas dum mar que sonhei.
Sanzalando
19 de abril de 2020
delírios
Olha para mim a sonhar o mar. Sorriso largo e pensamento profundo. Deixei-me navegar por memórias e sonhos e cheguei até aqui. Quero continuar a caminhar. Quero ter pensamentos, sonhos e delírios que me façam manter viva a chama da vida.
Olho à volta e vejo o caos. Tudo só pode é melhorar. Pânico fácil, discursos especializados muitos, é impossível não ter medo. Faz parte da nossa natureza.
Eu espero, sentado e calmo, tomando precauções, sorrindo a ver se os dias difíceis vão passar. Eu quero ter os meus pensamentos, sonhos e delírios.
Sanzalando
18 de abril de 2020
andei por aí.
Por onde andam as minhas recordações? Onde foi que me esqueci de ir? Acho vou sondar os hexagnos da marginal e ver pesco um peixe com a minha imaginação. O mar está calmo que não me vai galgar e me molhar. Vou só ficar o olhar o redondo da baía e meditar sobre a cidade que está nas minhas costas. Atrás da falésia tem uma cidade. Me deixa só ficar aqui a lhe sonhar. Silêncio marulhar que eu me quero concentrar. As minhas kiandas estão a repousar nos seus leitos domésticos enquanto eu estou aqui madrugadamente a pescar sonhos e recordações. Deixa-as dormir porque acordadas me fazem sentir apaixonado e isso me dá tristeza. Elas nunca sanem que eu existo. Essas kiandas de agora não são mais a kiandas do antigamente. São sabidas. Oh! Todas as kiandas sabem muito. Até as do tempo da minha mãe. Maré está cheia. Vais ver é da água que lhe estou a meter.
Mas onde é que andam as minhas memórias?
Perdi numa sebenta de capa vermelha que deixei aí para tu guardares.
Mas porque é que tenho saudades?
Porque a saudade é sentimento.
Sanzalando
17 de abril de 2020
confinamento social
E se de repente alguém lhe oferecer flores, desconfie. Ou não. Sorria. É, nesta altura que me inventaram o confinamento social, oferecer seja o que for dá trabalho. Lavar as mãos com sabão, bem lavadinhas que não é enxaguar, passar por solução alcoólica as mãos lavadas, receber as flores, tirar as flores do papel de presente, colocar numa jarra com água, lavar as mãos com sabão bem lavadinhas que não é só assim um borrifar, e passar outra vez por solução alcoólica. Mas na verdade a gente muda de hábitos mas não muda quem a gente é de verdade.
Eu cá vou segurando as pontas porque sei que falar com as paredes não é coisa agradável, ainda por cima se elas forem duras de ouvido como são de cimento. Tem uma vantagem, a gente descarrega o que vai até na alma e não fica nem entupido por dentro. Coisas do confinamento social.
Mas, dizia eu, vou segurando as pontas mesmo sabendo que ninguém se importa se a parede abana que até parece que a casa cai. Eu preciso de mim e isso é o mais importante para eu ser quem é que sou. Os meus ombros carregam fardos, mesmo nunca eu tendo pegado em nenhum. Mas é uma expressão bonita e fica bem por aqui, sempre dá um ar de quem trabalha. É a vida neste confinamento social. O politicamente correcto é o que mais se ouve. Mas se o mundo explodir, assim num modo de cheirar tão mal que nem uma máscara do tempo da guerra nos faz não vomitar a bílis que escorre do colédoco para o duodeno, deste reflui para o estômago e num repente sai pela boca que nem explosão vulcânica, aí a gente vai dizer porque não existiu o confinamento social
Sanzalando
16 de abril de 2020
assim sou eu
Deixo o sol entrar pela minha janela. Imagino-me lá longe, onde não estou e onde me sinto. Estou aí, embora fisicamente me encontre num aqui, algures entre o estar e o divagar-me. Imagino-me arrancando folhas de calendário e ponteiros ao relógio para que o tempo seja uma inexistência. Eu e apenas a minha memória. Como se tudo fosse presente, como se tudo fosse um final feliz. Passado, presente e futuro num eu aqui que é longe. Penso como seria bom arrancar de mim tudo o que eu não gostei, tudo o que me foi amargo, tudo o que chorei.
Não seria a mesma coisa. Eu tenho de ser assim porque assim sou eu.
Sanzalando
15 de abril de 2020
promessa ininterrupta
Ensonado me sento a ver o zulmarinho. Estava convencido que já tinha vencido a saudade, que já tinha derrotado o desejo de continuar a ser a criança que sempre me senti ser. Me lembrei do Anel, da Goiaba, de tantas caras e corpos que entrei na minha realidade que cada vez está mais pequena. Comecei a me lembrar nos nomes de quem eu já não posso ligar à moda antiga, moda moderna ou lá como seja. Voltou a aparecer a saudade. Voltei a me sentir a criança que ainda não deixei de ser.
E não é que dou comigo a percorrer as minhas ruas, uma a uma. Casa a casa. A saudade passou a ser a minha almofada, aquela coisa que agente agarra com carinho enquanto navega pela imaginação e memória. O amor pode ser só mesmo recordação, pode ser imagem do ROTIV a preto e branco ou colorido deslavado. E parece a saudade aumenta. É, quanto mais o sentimento assim é maior a saudade. O professor Ezequiel, mapundeiro que se rendeu ao deserto, assim que nem eu, se virou para as pinturas na perfeição que parece é retrato da minha memória. O Dr. Coutinho me integralizou nos integrais da vida de tal modo que a incógnita ainda se mantém como tal. A Dra. Mitó me inglesou a vida de tal maneira que nem o beach england serve para dizer duas words seguidas. E Dra. Helena Rocha me ensinou outras inglesisses que eu só sei mesmo o Calhambeque e mal. E o canto e coral, sempre me dei mal que mal abria a boca para respirar já me estavam a mandar calar. Eu criança sempre fui uma grande promessa que não passou disso. Fui uma perfeita promessa.
Tenho tanta saudade que em um segundo eu consigo viver 48 horas na minha rua. Tenho tanta saudade que até me culpo do ar que respiro não ser o da minha rua.
O Professor Cândido da Silva e a Sra Dra Júlia passaram por mim agora. Escondi os pés porque trago calçado os quedes da ginástica e já sei vou levar carôlo se sou agarrado. E o capitão Resende vai-me dizer que a geografia é baseado nos mapas do Mercator, sabendo que mais cedo ou mais tarde eu ia ver tudo através da internet. E o Dendeca? E... não ia mais parar de lembrar quem me disse que eu era uma promessa.
Eu sou uma promessa ininterruptamente até ao fim.
Sanzalando
14 de abril de 2020
sol de meditação
Até parece o sol está de quarentena, envergonhadamente se mostra na rua, timidamente brilha seu esplendor. Está um dia bom para meditar. Sim eu te dito o que me vai na alma, palavras minhas soletradas.
Ninguém pode pedir para o sol brilhar. Não se pede ao sol como se ele fosse uma caneta, uma laranja ou um qualquer outro valor. A gente só pode esperar ele brilhe. A gente não lhe pode dizer a nossa vontade é assim e esperar ele cumpra. Assim ele se gastava. Ele se cuida e se controla. Eu mesmo faço também assim. Tem caminhos desconhecidos dentro de mim que nem eu sei mais onde é que são. Não é por me gastar nem por insegurança. É mesmo só porque quero continuar a me gostar e continuar sem saber tudo de mim. Gosto de surpreender-me também.
Sanzalando
13 de abril de 2020
juras de amor
Me deixo levar por pensamentos enquanto neste recanto da memória vou navegando por mares sempre muito navegados. Nunca fui um herói do mar, nem da terra nem dos ares, execpto das vezes que me perdi no mundo da lua e fui herói imaginário. Medito em pensamentos soltos e sempre me digo que é a última vez. Não quero perder pensamentos à toa quando já me começa a faltar tempo para os ter, já me começa a faltar olhares distantes e palpitações cardíacas chamadas de saudade.
Me deixo levar por caminhos cada vez mais curtos com medo de não ter tempo para percorrer os caminhos longos desta vida que já vivi tanto.
Não me canso de dizer à boca cheia que a eternidade existe enquanto formos capazes de a ter. Eu não quero perder a minha e por isso me deixo seguir nesta cruzada sorrindo sem me esconder, sem me esquecer de defender, sorrindo em frente porque um amanhã eu não sei se me vai apetecer continuar a pensar alto. Até lá, cantando e rindo sigo caminho fazendo juras de amor
Sanzalando
12 de abril de 2020
regresso
Medito sentado no meu trono mental. Emano luz de alegria, fosse eu um pirilampo de felicidade. É, tem dias que acordo mais assim do que outras. Mas estava eu a meditar pensando que era a ultima vez. Não iria fazer mais. É que dói tanto meditar sobre tudo e concluir um quase nada. Medito pensando mil vezes, sentindo o brilho nos olhos, a pulsação cardíaca, a dureza das palavras secas apertadas numa boca silenciosa. Mas não foi a última vez porque mais vezes virão outras meditações assim. É o ciclo da vida, é a roda dos sonhos, os pesadelos, a entrega, o dar.
Medito sorrindo lágrimas de prisioneiro regressado ao mundo real, riso alegre de confinamento social, abraço virtual e beijo digital. Falta-me mudar comportamentos porque já me conheço melhor, já não me perco nos meus labirintos nem me canso nas minhas armadilhas mentais.
É a última vez que regresso a mim? volto sempre para mim, assim seja por muito tempo.
Sanzalando
11 de abril de 2020
quem sou
Olho-me como se me olhasse num espelho. Vejo-me como eu imagino que sou. Jamais saberei ao certo como é que os outros me vêem. Eu sou assim, apenas como me sinto. Não quero ser como os outros gostavam que eu fosse, Como é que eu sou? Eu que eu vejo ou o eu que me imaginam? Eu sou eu deste lado de cá. Jamais consegui esconder os meus sentimentos. Sempre tive medo de não conseguir sentir o que sinto.
Sou assim, pouco mais ou menos, tal e qual.
Sanzalando
10 de abril de 2020
olho passado presentemente
Releguei-me para um canto da minha existência de modo a que me pudesse ver. Eu com toda a atenção em mim. Vi-me de corpo e alma inteiramente.
Sanzalando
Já vi como fui, tento ver-me como sou e imaginar-me como serei.
Regressado ao passado de mim, aquele que me custou deixar, que me deixou triste e vulnerável, que dói ainda ao pensar e percebi porque ainda choro. Esse passado faz-me estar presente. As lágrimas que chorei fizeram-me rir mais tarde, as grandezas que vivi deram-me valor às pequenas coisas de hoje, as dores que senti fizeram-se saber o sabor das carícias.
Relegado neste meu cantinho, olhando-me intensamente só me arrependo do que não fiz por tal não me ter lembrado.
Sanzalando
9 de abril de 2020
dançar ideias
Olha-me só a deslizar pensamentos pela ladeira da vida abaixo. Como é bom patinar por ideias, sonhos e ilusões, dançar ao ritmo dos desejos e piruetiar por imaginações. É assim a vida dum pensador de bem com a vida. Às vezes, raramente, entenda-se, parece ser uma vida triste e cinzenta, um mergulho nas águas do desespero, no turbilhão do medo e no cansaço da existência. Pequenos momentos fugazes, que nos lembram que humanos somos. Outras vezes, a maioria diga-se, sorrimos porque gostamos de o fazer.
Agora, que não posso olhar o zulmarinho, que não consigo ligar-me ao outro lado da linha recta que é curva, encontrei o meu lugar favorito: onde não existe tempo. Onde posso estar a contar pequenos pedaços do tempo perdido, fragmentos de vida real, onde cada letra é só uma letra. Posso escrever poesia, prosa ou silêncios, porque o tempo não passa porque é inexistente.
Agora, entrado no mundo real, continuo sorrindo porque a noção do tempo foi ganha, a vida repensada e redesenhada, o esqueleto reerguido e o sorriso mantido na cara por gosto.
Olha-me só a deslizar por aí fora, recordando carros antigos, pessoas velhas no tempo de antanho que ficaram com a mesma idade, paradas na memória dum tempo que não passou. Como é bom ter tempo para dançar ideias.
Sanzalando
8 de abril de 2020
eu vou
Eu vou buscar o sol e passear com ele por entre ideias e soluções, entre sonhos e ilusões. Vou partir por aí, vagabundando-me sabendo que é mutante o tempo, passageiro, inesperado e que passa veloz mesmo quando o quero parado.
Eu vou buscar o vento para me obrigar a recolher a um canto da minha ideia e ver o céu infinito que querem fazer dele inferno, mas isso lhes vai passar.
Eu vou buscar a chuva para me abrigar numa esquina dum sonho e ver se me passa a vontade de abraçar meio mundo, porque a outra metade me apetece beijar.
Eu vou por mim adentro para deixar de imaginar emoções e de fazer de mim uma luta diária.
Eu vou por aí ficando aqui.
Sanzalando
7 de abril de 2020
meditamente sóbrio
Olho para tanto lugar vazio e sinto a energia do recolhimento.Até parece que a solidão humana esbarrou na perfeita noção do vazio. O que a voz não fala os meus os olhos traduzem e a minha ausência faz-se presente nas pessoas que me faltam..
Olho só por lados vazios, caminho por lugares comuns e me delicio em estepes da nada.
A metade dos pensamentos que me ligam à urgência do silêncio e me fazem trapézios de planos só pedem para ficar mais um tempo para cumprir mais uma dúzia de desejos que não gostaria de deixar por cumprir.
Nestes tempos meditações agradeço a transformação interna que me causam e me levam a ficar mais acompanhado nesta vida.
Agora posso dizer, de cátedra, absoluta certeza do infinito pretérito perfeito, que és a mais bionita obra de arte que os meus olhos esculpem cada vez que te miram.
Eu sei. Vais dizer que louquei. Só posso garantir-te que nunca estive mais são, mais lúcido e mais consciente de mim.
Sanzalando
6 de abril de 2020
visito passados e futuros
Chove. Não é a chuva da minha infância nem as tempestades da minha memória. Passeei nas ruas da minha cidade, fui no bairro dos ricos, para lá da Sanzala dos Brancos, nessa zona onde a cidade perdeu a simetria e as ruas sem saída cresceram na proporção do dinheiro que ganharam. Eu fui lá com medo de um dia me dizerem eu não conhecia a minha cidade. Fui na torre do Tombo e só reconheço a casa do tio Mário e a sede do Ginásio. Eu fui ver o meu passado a pente fino.
Eu descobri que afinal não sou de ferro. Eu me machuco. Às abertas e claras eu também choro, sofro e me desespero. Eu sou humano e tenho os meus momentos mais fracos. Cada vez menos, é verdade. Me conheço cada vez mais e assim me surpreendo cada vez menos. Já senti dores que não tem remédio que cure. Já sangrei almas que não tem paixão que comprima. Já ouvi milhentos alarmes. já me ceguei de raiva, já me amarrotei de humilhações.
Cheguei aqui e em pé. Pronto a percorrer a minha cidade de futuro, o bairro da Mineira, da Facada, Forte de Santa Rita que esqueceram de fazer lá um forte a condizer com o nome. Ou era porque a Santa Rita era gordo? Estou pronto par ir no Parque infantil e desafiar a gravidade por mais Sousas que hajam.
Chove e eu não me importando mesmo.
Sanzalando
5 de abril de 2020
irs da minha vida
Se hoje mudasse o ano de qualquer coisa eu ia fazer o balancete. Faz conta é o imposto IRS. Eu ia receber ou ia pagar. Estou a falar dos anos da minha vida que me lembro. Os que esqueci ficaram apagados. Dívida perdoada ou pagamento esquecido. Tanto faz porque há anos que eu não sei mais como foi que passaram. Rodriguei-me e não disse nada ainda. Até parece estou refugiado na minha reclusão.
Fazendo as contas eu dei em positivo ou negativei-me? Quantas partes da minha vida foram gastos em cigarros mal apagados, em juras de amor incorrespondido? Em quantas partes derramei o vinho da vida em vez de o beber? Quantas lágrimas verti ou fiz que vertessem?
Bem feitas as contas a verdade é que eu estou sorrindo olhando para os teus olhos que me sorriem e encantado na forma de me abraçares com o olhar!
Sanzalando
4 de abril de 2020
meu abrigo
Pé ante pé fui fazendo caminho por entre ideias e juízos. Saltitei por sonhos e pulei desilusões. Sorri e gargalhei e também chorei num bom chorar. Não recusei a minha rotina, o meu passado nem abdiquei dos meus bons pensamentos, não neguei amigos nem os mais fundamentais prazeres. Sempre fui de paixões. É a minha fatalidade. Até no bom sentido. E no mau com ele aprendi. Paixão, degrau superior do amor, é egoísta, é renunciar. Mas bolas, é tão bom que nem em reclusão eu abdico. É o meu abrigo
Sanzalando
3 de abril de 2020
Futuro do meu passado
E se fez sol nem dei por ele. O marulhar continua sereno e o vento foi de férias para parte incerta. Eu é que me mantenho neste posto de meditação e não me parece estranho, acho me habituei. Mudei-me, transitei do suplicativo para o afirmativo. Passei do castrante para o colaborante. Desasfixiei-me. Passei no teste da respiração calma e serena, deixei de correr atrás do tempo. Levo o tempo comigo, demore o tempo que demorar. Rectilizei-me e deixei de dar curvas numa forma de circulo vicioso. Eu sou a minha pessoa e a a minha voz. Eu sou o meu anjo da guarda porque deixei de ser o meu perigo. Dispensável porem responsável. Mudei-me de armas e bagagens. Sobrevivi a mim, ao inferno que inventei. Hoje eu sou presente, futuro do meu passado. Recordação colorida dos meus desejos e concretizações. Eu sou um presente que me dou, sorrindo.
Sanzalando
2 de abril de 2020
sonhos e ilusões
O zulmarinho marulha suave e salgadamente. Eu, no refúgio da minha essência admiro-o, usando a imaginação e utilizando a memória. O marulhar suave dum dia de calmaria me embala em pensamentos largos, em caminhos que nem eu sei onde me levam. Vou. Vou atrás dos meus sonhos e das minhas ilusões, sem medo que eles se desfaçam como se um castelo de cartas fossem. Aos meus olhos eles são os meus sonhos e as minhas ilusões e não são obrigados a serem de mais alguém e não têm veleidade de existirem para lá da minha existência. Mas enquanto eu existir eles têm o seu lugar. São os meus sonhos e as minhas ilusões, alguns planeados, outros apareceram assim dum nada imaginativo. Uns são parciais, outros totais. Uns grandes e outros pequenos. São os meus sonhos e ilusões e com eles eu aprendi a viver e a conviver.
Amanhã uns deixarão de o ser e foram substituídos por outros. Mas manterei esforços para que continuem a ser sonhos e ilusões
Sanzalando
1 de abril de 2020
meditamente
Chove e soleia. Sobra e molha. Hoje é dia de ser assim. Vamos fazer mais como senão viver assim hoje? E sorrindo seguimos o caminho do pensamento, porque qualquer outro não é aconselhável por estas alturas.
Mas há hábitos que vamos ter de perder, mudar, alterar. Sei lá mais o quê. Não podemos não aprender coisas com tantas coisas que têm nos ensinado a vida. Mas mudar o sorriso é que não. Adaptar, talvez.
Temos o hábito de passar o dia com coisas. Rotinas, diria. Umas cansativas e outras antes pelo contrário. Descansamos. Meditar, pensar, não é uma nem outra. É mesmo pensar com o pensamento puro, desprendido do corpo e da essência do ego. É mesmo só ter consciência de ser. É não ter plano, é não ter rumo. O pensamento vai e me leva a um lugar. Livremente.
Hoje, como ontem e será assim amanhã, há que ter tempo para o pensamento. Sorrindo. Nunca se pode perder o sorriso porque ele abre todas as portas, mesmo as aparentemente blindadas.
Sanzalando
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