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15 de abril de 2020

promessa ininterrupta

Ensonado me sento a ver o zulmarinho. Estava convencido que já tinha vencido a saudade, que já tinha derrotado o desejo de continuar a ser a criança que sempre me senti ser. Me lembrei do Anel, da Goiaba, de tantas caras e corpos que entrei na minha realidade que cada vez está mais pequena. Comecei a me lembrar nos nomes de quem eu já não posso ligar à moda antiga, moda moderna ou lá como seja. Voltou a aparecer a saudade. Voltei a me sentir a criança que ainda não deixei de ser.
E não é que dou comigo a percorrer as minhas ruas, uma a uma. Casa a casa. A saudade passou a ser a minha almofada, aquela coisa que agente agarra com carinho enquanto navega pela imaginação e memória. O amor pode ser só mesmo recordação, pode ser imagem do ROTIV a preto e branco ou colorido deslavado. E parece a saudade aumenta. É, quanto mais o sentimento assim é maior a saudade.  O professor Ezequiel, mapundeiro que se rendeu ao deserto, assim que nem eu, se virou para as pinturas na perfeição que parece é retrato da minha memória. O Dr. Coutinho me integralizou nos integrais da vida de tal modo que a incógnita ainda se mantém como tal. A Dra. Mitó me inglesou a vida de tal maneira que nem o beach england serve para dizer duas words seguidas. E Dra. Helena Rocha me ensinou outras inglesisses que eu só sei mesmo o Calhambeque e mal. E o canto e coral, sempre me dei mal que mal abria a boca para respirar já me estavam a mandar calar. Eu criança sempre fui uma grande promessa que não passou disso. Fui uma perfeita promessa.
Tenho tanta saudade que em um segundo eu consigo viver 48 horas na minha rua. Tenho tanta saudade que até me culpo do ar que respiro não ser o da minha rua.
O Professor Cândido da Silva e a Sra Dra Júlia passaram por mim agora. Escondi os pés porque trago calçado os quedes da ginástica e já sei vou levar carôlo se sou agarrado. E o capitão Resende vai-me dizer que a geografia é baseado nos mapas do Mercator, sabendo que mais cedo ou mais tarde eu ia ver tudo através da internet. E o Dendeca? E... não ia mais parar de lembrar quem me disse que eu era uma promessa. 
Eu sou uma promessa ininterruptamente até ao fim.



Sanzalando

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