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23 de novembro de 2021

congelando passados

Olhando pela janela pressinto o frio que deve fazer lá fora. Lá, no meu lado sul, deve fazer sol e chuva do estilo trovoada livre, que até faz transpirar nos intervalos. Aqui, serenamente na minha janela, atiro pensamentos a ver se os vejo congelar lá fora. Há imagens que eu não queria perder e uma das formas que me ensinaram para conservar era a congelação. Estou a tentar fazer isso com os meus pensamentos e memórias. Congeladas no tempo. As pessoas têm a mesma cara mesmo que tenham passado 50 anos desde a última vez que as vi. Têm o mesmo peso. Facilmente as reconheço. Estão ali congeladas a minha vista. Mesmo que eu fosse dormir por uma semana eu ia ao acordar lhes encontrar intactas e continuava a viver a memória da mesma maneira. 
Olhando pela janela verifico que mesmo que não haja memória para tanta vida passada eu sinto que tenho muito para recordar. O tempo frio, nostálgico, me faz entender que o peso do mundo não é para ser carregado apenas por mim, mas por todo o meu passado, por todos os que fizeram parte dele, por todos os que contribuíram para que eu tenha hoje um passado, bem definido e bem desenhado. 


Sanzalando

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