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20 de novembro de 2021

insubstituível nunca

Um dia, num outono do norte, parti. Como um jovem adulto parte de casa. Não olhei para trás e a minha despedida quase passou despercebida. Parti por amor sabendo que ia levar comigo todas as memórias que um dia poderiam virar saudades. Levei recordações comigo, trouxe as minhas versões e cada dia passou a ser uma novidade, cada momento único.
De jovem adulto fui lentamente amadurecendo, deixei de encontrar nos meus sonhos os desejos e construi um novo caminho, perdi dons e ganhei experiência e alguma sabedoria. A magreza substituída por algum rechonchudo aspecto e aos poucos o corpo foi-se curvando para a frente num aspecto que visto de fora ia dizer era o peso da consciência que me vergava ou apenas a força da terra a chamar pela minha cabeça. Fui clareando memórias, pentanto de cores garridas as memórias tropicais e desenhando com palavras toda a minha juventude vivida. 
Um dia lá mais para a frente pintarei com palavras um epitáfio onde se lerá apenas: Por aqui passou um gajo porreiro que não era insubstituível.


Sanzalando

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