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8 de dezembro de 2021

desnudo-me em palavras

Vou escrever uma carta de despedida sem porém me despedir. Vamos, faz de conta, eu me cansei de caminhar estas palavras por tempos idos do meu antigamente na vida. Vamos, faz de conta ainda, eu fartei de dizer como é que eu era antes de ser o que sou hoje. Vamos, mantem-se o faz de conta, eu não trouxe nada para o dia de hoje de todos os meus ontens e por isso parei de caminhar palavras sobre palavras por este caminho longo aqui tão perto.
De verdade que todas as palavras que caminhei são pedaços duma autobiografia que não escrevi e apenas lhe vivi. Tudo são referências emitidas ou recebidas pela gente, nós mesmo. Daí que hoje eu sou uma mistura disso tudo sem ter a haver nada com isso. Larguei o ontem para estar no hoje, porém o ontem ainda está comigo, faz de conta ainda, é tudo uma confusão da minha cabeça, todas as palavras são caminhos afilhados da minha imaginação, cães de rua que me perseguem faz de conta eu vou na bicicleta. 
Todos estes caminhos palavreados carregam muitas escuridões e clareiras da minha existência ficcionada na memória ou imaginação. Mantendo-me no faz de conta, desde o zulmarinho até a este norte onde me encontro, nas minhas palavras se misturam imagens reais com imaginações delirantes, características não misturáveis, óleos e águas, cores fortes e fracas, transparências e opacidades, tudo fazendo sentido na minha cabeça e tropeções no meu caminho. E eu aqui desnudado em palavras. Faz de conta até eram belas de se caminharem e olharem.
Afinal de contas, estes caminhos palavrados, carregados de emoções e ficções, estes eus, são capazes de terem sentido, transformaram os meus cacos num ser pensante, num mosaico de cores vividas, garridas e berrantes, misto de nostalgia e insano de inocências.
Como poderia eu me despedir destes fragmentos aleatórios que fizeram um desenho que se mistura no meu eu?!


Sanzalando

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