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6 de junho de 2022

ao fim de tarde

Nas voltas que o mundo dá, dei comigo a navegar-me pela minha adolescência. Eu gostava de Citroen, se chamava boca de sapo e subia a traseira antes de arrancar. Era lindo e linda era a sua elegância na estrada. Eu me sentava nas esquinas onde sabia ele ia passar. Eu lhe admirava até no silêncio do motor. 
Hoje, passados tantos anos, já nem sei se aquele boca de sapo tinha motor ou andava só com a força da minha ideia de o ver passar. Ele era dourado mas pouco importava a cor aos meus olhos. Só olhava para o interior e imaginava aqueles acabamentos. A suavidade da subida ou descida dos vidros traseiros, Eu via ali o sorriso da Mona Lisa. Era uma paixão de fim de todas as tardes. Sentado no lancil do passeio e ver o Citroen passar, suave e delicadamente com os seus interiores de luxo.
Um dia cresci, muitas luas cheias depois, deixei de ver o boca de sapo, e hoje me lembrei de o ver na minha memória. 
Como será hoje o andar daquele interior que outrora eu achava luxuoso?



Sanzalando

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