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20 de junho de 2022

as minhas estórias

Eu estava a escrever uma estória. Pelo menos tentava. Ela passava-se na minha cidade quadriculada, feita de régua e esquadro. Uma pessoa ia no passeio, introspectivo era o seu caminhar. Monótono caminhar duma pessoa solitária numa cidade onde nada acontece e onde pouco há para fazer. A pessoa provavelmente até nem tinha amigos da sua idade com quem conversar, rir ou simplesmente estar. Na minha cidade quadriculada não havia sitio para estar a não ser na avenida onde se passeava para cima e para baixo e se cumprimentava os passeantes que por ali passeavam. Era giro ver as caras das pessoas num acenar múltiplo tantas quantas se cruzavam. Mas aquela pessoa não estava na avenida a fazer o seu passeio. Ela caminhava monotonamente, se calhar pela vida. Alguém a chamou porque ela para trás olhou.
Eu ouvi uma pergunta rasgando o silêncio daquele instante:
- comeste alguma coisa?
e a voz tímida da pessoa que caminhava solitária e monotonamente que parecia não ter amigos respondeu:
-não, não tinha fome
voltando-se ao silêncio do caminhar solitário e passada monótona da pessoa que se calhar não tinha amigos e por acaso não tinha fome, dou comigo a pensar que a minha estória até que não tem grande diferença da estória que eu estava a tentar escrever. 
Desisti e tentei me lembrar de todas as ruas da minha cidade quadriculada que não tinha estórias para contar.


Sanzalando

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