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19 de junho de 2022

eu e ela

Me deixo só embalar nos sonhos que um dia eu tive acordado. Vou dizer é saudade, vou dizer é recordação, vou dizer é memória ou vou dizer é sonho duma noite destas. O que importa é que é. 
Ela corria elegante pela rua, na sua mini-saia folhada de jogar ténis, se calhar com o sr. Maurício, era hora de ir para casa e eu era rosas que via. O branco da roupa contrastava com o moreno do mês de março que ainda perdurava, e eu era rosas que via. O seu cabelo comprido ondulava como se estive no mar e eu olhava especado como se visse sereias.
Acho eu só via passarinhos e borboletas na barriga. Era um quadro lindo se eu tivesse jeito para pintar. Era mais giro se fosse um quadro em movimento. O seu rosto sereno de quem estava neste mundo por puro prazer. E eu sorria feito cara de paisagem.
Ela não me olhou e eu não tirava os olhos dela. Se ela me olhasse eu ia fugir, fugir de mim deixando o meu corpo ali especado feito estátua. Faz tempo o meu cérebro tinha voado dali numa correria atrás dela. 
Um dia eu lhe vou dizer estas coisas e eu sei ela vai dizer eu as inventei na hora de lhe contar. Se calhar até nisso ela tem razão. Ela vai dizer eu enlouquei e me imagino num campo de rosas brancas.


Sanzalando

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