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25 de junho de 2022

Um dia fui criança

Sento-me a ver o zulmarinho. Tanto mar a me separar da realidade. Tivesse eu poder e mudava o meu mundo, mesmo sabendo-o redondo, encontrava o meu canto e ali ficava a admirar um amor de verdade. Ele não é palavra, ele é facto, acção, detalhe. Eu a olhar o mar sinto-o e as palavras que soletro transmitem-me esse amor, iluminam-me a escuridão da tristeza, e protegem-me dos medos que invento. O zulmarinho tem uma força de me levar aos recantos da minha infância. Se falo da Avenida do Bonfim, das Ruas dos pescadores, das Hortas e da Fábrica, eram porque serem as principais e porque há lá gente nova, da idade que eu já fui e que pode rebuscar as brincadeiras que eu lá brinquei. Naquele quadriculado onde se destacavam o Colégio das Madres, o Parque Infantil, o Liceu, A Escola Industrial, O pelourinho e as fontes da Avenida, a Rotunda da Aguada, as escolas primárias, o palácio do Governador, a Igreja de santo Adrião, a do Forte Santa Rita, O Cine Moçâmedes, o Impala, o Aeródromo chamado aeroporto por boa vontade, a Câmara Municipal, a sede do Benfica, o salão de Baile do Ferrovia e do Atlético, a inacabada obra do Sporting. E desde aqui sentado dei a volta à cidade sem me esquecer de Monumentos e outras obras de arte.
Sento-me a ver o Zulmarinho e posso dizer às netas que um dia eu fui criança numa cidade quadriculada, calma e serena rodeada de areia, muita e duma baía que arregalava aos olhos pelo diâmetro da sua circunferência. 
Um dia fui criança e hoje me recordo.


Sanzalando

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