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22 de junho de 2022

estórinha

Me deu para pedalar por ai, num faz de conta que estou a dar a volta a mim mesmo. Ele faz sol e frio e chuva e... eu só pedalo em direcção a pensamento nenhum. Troco voltas e vou ter sempre a estórias que um dia me contei ou vivi. 
Me lembrei de Maria. Garota sofisticada, rica de sonhos e ambições, plena de qualidades e educação. Tinha um sonho, só se apaixonar quando acabasse de estudar. 
Ele, João, arisco, crescido na idade de miúdo, esperto, inteligente, educado e modesto, desconheço seus sonhos se é que os tinha. Não deixava transparecer a sua revolução interior, a sua revolta constante. Seus olhos aparentemente serenos escondiam suas ambições e o desejo ardente de amar Maria.
Todos os dias se encontravam. Todos os dias se falavam e se pareciam namorados era só parecença. Maria dava atenção quanto baste. João era-lhe cavalheiro, simpático e fazedor de bons momentos de conversa e brincadeira. 
João sofria mas a ninguém ele dizia. Sofreria de depressão se naquela altura ele soubesse o que é que isso significava. Para ele era paixão, pura e simples. Ele morria de amor e ninguém sabia.
Para João, Maria era bela, criativa, exponente máximo dum teorema ainda não consciencializado. Perfume maravilho ele sentia ao lhe olhar. Maria nem imaginava o que ia na cabeça do João. 
Revejo as pedaladas e vejo que esta bicicleta não é minha, esta voltinha não é minha. Eu me contei esta estória e nem faço ideia como acabou, porque simplesmente nem começou.


Sanzalando

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