Estou sentado na última sala do corredor superior do lado direito, na aula de desenho. Dr. Ezequiel Jorge, aquele mesmo que faz os cartazes das festas do Mar e que até faz inveja só de olhar, entra na sala e manda a gente fazer um desenho de natureza morta. Parecia estava a adivinhar o futuro, eu não gosto de morte muito menos na natureza. Vou fazer como assim? Tento desenhar uma paisagem que se não existir é porque não viram bem. Tudo ali é monótono e cinzento. Nem um boneco nem seus amigos animais. Rabisco ferozmente com o lápis de carvão número que já não lembro. Na minha cabeça se faz uma barulheira parece havia festa, mas não podia ser porque eu estava a desenhar uma natureza morta. Dr. Ezequeiel sem que eu desse conta se aproximou e disse na sua delicadeza:
- Miúdo, que desenhas tão pequenino que nem se vê?
Eu, timido que nem era respondi:
- A alma da natureza morta.
Fui para a rua com uma falta disciplinar, um desenho por fazer e um tempo para arranjar uma desculpa para a respectiva falta.
Sanzalando
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