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18 de junho de 2022

eu e a Kitanda


Eu estava a ajudar a tia Laurinda na sua Kitanda. Mesmo em frente da DTA. Eu sonhava andar de avião mas esse dia ia chegar um dia que eu não ia adivinhar. Eu olhava na montra e lá estava o Friendship, que eu procurei no balcão saber o nome próprio e me disseram era o Fokker F27, a fazer-se aos céus. Todos os dias ele trazia os jornais para a minha mãe vender: Jornal do Comércio e o Diário de Luanda. O província de Angola era vendido pelo Bauleth. Mas eu estava a falar de avião e não de jornais porque ainda não tenho idade para acompanhar as notícias que esses papeis trazem. Eu sei que servem também para embrulhar as panelas de arroz que a avó faz. Mas afinal também não estava a falar de aviões porque estava a tentar ajudar a tia Laurinda na Kitanda. Pesar e dar troco. Escolher as coisas é que não dava muito o meu jeito. Era o que estava à mão, mesmo se estavam a protestava que não estava maduro ou estava demais. Sei é que a tia Laurinda comprou uma arca para condicionar frescos os produtos e estava a ser instalado por técnico altamente qualificado, electrecista formado na escola industrial. Tanto fio para apertar, tanto parafuso. E ali diante dos meus olhos se erguia a arca. Assim se fazia acontecer modernidade na kitanda da Tia Laurinda.
É assim a vida. É preciso fazer acontecer.


Sanzalando

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