Me sentei só assim a ver o zulmarinho. Faz conta eu estou triste e me apeteceu estar aqui num solilóquio com aminha pessoa. Inimizado diálogo a uma voz e pensamento. O marulhar e a maresia dão o som e o perfume perfeitos. Eu, de corpo presente e pensamento distante, sou o sujeito e o complemento directo. Falta o dois pontos parágrafo travessão, mas isso é literatura e aqui é uma intimidade intimidante.
Olho horizontalmente para um infinito que os meus olhos conseguem alcançar. Desfaço as barreiras e alargo as defesas que possa ter inventado para me distrair. Faz conta plantei à minha volta um jardim, plantei a minha alma e agora espero floresçam as flores. Divago-me por espaços e mundos. Espalho saudades e nostalgias. Escondo contingências e sua metamorfoses.
Eu, o mar e o pensamento. Me reencontro. Me falo, me insisto, me discuto. Olho-me e nada tenho a esquecer nem a chorar, só tenho de sentir os recordares todos sem dor.
Eu sou esse aí desenhado nas minhas palavras de letra bonita, legível e pontuada.
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