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25 de setembro de 2022

no sofá da sala

Abro o portão, subo os degraus e entro em casa. Como sempre a porta tem a chave na fechadura. Foi assim que avô ensinou. Esta casa é uma casa aberta. Entra sempre quem vier por bem e cabe sempre mais alguém. à direita tem quarto do avô e à esquerda é a sala. Me sento no sofá como que a descansar dum dia atarefado na escola. A escola não devia ser uma carga de trabalhos mas uma feira de cultura, divertida e apreciável. Levo-a com dureza. Acho que o que me faz ir na escola é encontrar os colegas, é vê-la com seu porte altivo a desolhar-me como sempre. Mas sentado no sofá eu consigo lembrar-me que vi um brilho naquele desolhar. Eu consigo olhar-me sorrindo de felicidade. Pica a burra me disse o professor na aula e eu me envergonhei porque ela estava lá. Charles Bronson deu filosofia e eu despercebi tudo porque em vez de Descartes eu descartei o meu pensamento para ela. Bronson era charme nelas e a gente ciumava. 
Eu sentado no sofá da casa do avô me lembrava de cada minuto passado na escola, não por causa da matéria que se imaterializava no meu vazio pensamento, mas por causa dela. Amanhã vou recuperar a matéria, nem que tenha que perguntar ao Libório ou ao Mamede ou ao Martins Pereira. Mas agora vou vagabundar-me pela Oasis ou pelo Aéro-Club para esquecer o desolhar de desdém que me fez distrair o dia todo.
Amanhã vou ter o Moura a recitar os Lusíadas de cor e salteado, de oração em oração, parece estamos na catequese, o Pica a Birra com uma equação do 3º grau que até parece eu tenho é febre, o desenho do Ezequiel em que a tinha da china vai sobressair na aquarela e se calhar ainda vou ter a Orabolas na Física. É melhor me preparar para um bilhar que isto de matéria por antecipação nunca foi o meu estado de espírito


Sanzalando

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