Pi pi pi pi pi são tantas horas agora. Assim começa uma hora x no rádio. Em qualquer rádio. Hoje é o dia dele. Faz tantos anos que entrei no RCM, Rádio Club de Moçâmedes, e sempre ouvi dizer que quem entra não sai. Por motivos que não interessa na estória eu sai mas o rádio nunca saiu. Dá prazer ouvir uma música, uma voz, vinda desde lá do outro lado que eles chamam de eter e entrar no aparelho e soar parece eles estão ali mesmo.
As colunas vibram, vem noticiário, vem as notas ou vem a música e as colunas parece treme e a gente ouve.
Faz companhia, completa o instante, enche o espaço da solidão. Eu gosto da Rádio e de lembrar os meus tempos áureos da Rádio. Roda livre, Formula POP, A Voz do Subúrbio, as Ondas do Mar, Tic-Tac, uma série de programas com a plastia deste técnico de som.
Eu não sei se a genração novinha sabe o que é sintonizar um rádio, em que a gente vê uma linha vertical percorrer uma série ilegível de números que a gente até sabia de cor? Eu não sei se a geração nova sabe o que é ficar à espera, com ouvido colado, daquela música que a gente gosta e não tem para pôr no gira-disco? Eu não sei se a gente nova sabe o que é desejar que o locutor não falasse em cima da música que a gente ansiosamente esperou tocasse? Eu não sei se a geração nova alguma vez soube que a geração do meu tempo namorava a ouvir uma estação de rádio?
Tanta coisa que eu tenho de aprender
Pi Pi Pi Pi PIIIIIIIII são horas e o texto acaba aqui.
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