E se assim de repente eu tenho que ir ao recordatório mental buscar uma informação da minha vida faz tempo que nem lembro? Paro, olho-me para dentro, penso e a memória não sai daquele calculismo de faz de conta está na ponta da língua mas não chega à parte que se vê o filme num parece é actual. Será que eu tenho memórias que ficaram registadas a preto e branco porque eu ainda não pensava às cores? Será que a minha rua era de casas coloridas ou só mesmo cor de cimento ténue porque gastas pelo tempo que passou? As pessoas da minha idade não tinham rugas, nem andavam com alguma dificuldade e se era hora de correr elas corriam que nem gazelas. A minha mão me gritava e eu ouvia por mais longe que estivesse. Como é que posso colorir toda essa memória se eu não me lembro?
Como é que eu vou jogar perde paga de bilhar se eu já nem sei como é que fazem giz azul para pôr no taco e nem sei como é que eu via as bolas para lhes dar um fininho que quase nem se via?
Como é que eu vou ver a prova de ciclismo se só me lembro do Manuel da capitania e do Benfica, do Marreiros e Salgueiros do Ferrovia a pedalar?
O Leoplodo substituiu ou era suplente do Bitacaia no Sporting e o Travassos substituiu o Matela no Benfica? Uê, cabeça já não localiza o arbusto temporal desse recordatório mental.
Acho melhor me sentar no lancil, olhar para o deserto e deixar as coisas correrem sem ter que ir ao campo do Benfica ver o Bonvalot, o João Duarte, Jorge Brás, Amadeu e Nicolau a tentar chegar aos louros do Briguidé, Ascenso, Chalupas, Couto e Minas?
Desta vez foi mesmo uma salada mental que me servi para ver se o tempo coloria a mente.
Sanzalando
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