A Minha Sanzala

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3 de julho de 2006

Delírios

Sigo o meu caminho. Umas vezes parado, em pé ou sentado, outras vezes a caminhar. Sempre pertinho do zulmarinho. Esse que termina aqui mas começa lá, do outro lado da linha recta que é curva. A maresia, o marulhar e a quantidade de azul são coisas essenciais na minha vida. Tu podes estar aqui sentado a me ouvir. Ou não. Falo para que eu me ouça, falo porque gosto de falar. Eu não tenho que te escolher. Tu é que escolhes o que e quem queres ouvir. Eu falo para mim, para o meu dentro. Se te sentas aí é porque afinal gostas de me ouvir. Desde que tragas uma ou outra birra estupidamente gelada pouco importa quem sejas tu, desde que mantenhas o silêncio de me ouvir, mesmo quando eu não falo. No meu silêncio estou a conversar com o zulmarinho que me conserva.
Eu aqui sonho, contemplo e tenho os meus delírios. Eu e eu. Tu és assistente porque teimas em estar aqui. Problema teu, se é que é problema. Tento adivinhar o que vai dentro da tua cabeça e desconsigo por completo, pois parece ela está mais vazia que o oco da cabaça esvaziada. Mas teimas em querer me ouvir, então me ouve no teu silêncio sem ocupar espaço da tua insignificância.
Falo assim porque estás aqui, sinto-te mesmo quando não te vejo.
Quem nunca viu ou sentiu algo de que se gosta partir ou ficar para trás?
Olha que esse é dos momentos mais tristes da vida, mas é um dos únicos que te ensina uma montanha enorme de lições.
Impossível não parar para pensar: O que foi que eu fiz de errado? Na primeira coisa é logo te culpares de um erro. Se consegues ultrapassar essa barreira do primeiro pensamento vais entrar numa certeza de cascatas pensativas.
Mas no continuar dos pensamentos vais descobrir um número indefinido de motivos, cada qual provavelmente mais esquisito, complexo, esdrúxulo, mas cada um com seus fundamentos de importâncias.
Alguns partem por estarem insatisfeitos, outros porque estão saturados, outros porque se sentem só mesmo estando acompanhados, outros por terem interesse em outros, outros porque o sentimento simplesmente se evaporou na neblina dos dias, e assim vai mesmo no ir!
Ficar sem o quem se gosta é ruim, dói, é triste, pois além do sentimento de posse, que é inerente ao ser humano, nada se iguala à tristeza de ver que o que estava no teu lado não tem mais os mesmos objectivos, a mesma vontade, os momentos acabam e fica apenas a memória. Ainda sim, tens sorte se o que se foi sente um carinho de amigo por ti. Azar têm aqueles que se vão e deixam um rasto de incompreensão, feridas sangrantes. Neste grupo se situam os traídos, os enganados, os que foram abandonados e, fundamentalmente, os burros.
Ir embora vem da necessidade de felicidade, de ser feliz.
Essa felicidade pode estar num virar de esquina ou a uma milhas largas de distância. Só precisas mesmo ter a coragem de a seguir seja por onde quer que ela siga.Tas a ver como é fácil delirar contigo aqui a meu lado?
Posted by Picasa Sanzalando

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