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29 de julho de 2006

Respirar palavras

Calor de sol que ferve quando me chega perto, apetecendo ficar em banho Maria dentro do zulmarinho, aguando pensamentos numa forma de diluir emoções até à transparência das ideias.
Assim, tas a ver, que hoje não caminho na areia das mil cores nem me sento na potrona esculpida na rocha. Nado. Nado caminhando na direcção da linha recta que é curva e posso dizer que estou mais perto do início do zulmarinho que termina ali onde eu costumo a caminhar e estar em contemplação contemplativa das estórias que me chegam numa rede internautica sem fios e de velocidade variável.
Hoje se me queres ouvir tens que de desnudar e entrar nesta água tepidamente salgada, boiar num silêncio auditivo. Deus te livre da água mansa que da brava te livrarei eu.
Leve, nado na superfície, livre de tormentosos sentimentos de culpa e reprovação, numa direcção a sul. Sempre para sul, até que o zulmarinho se seque e eu possa caminhar no seu leito, subindo montes, descendo vales e chegar ao ponto de partida que será sempre o meu ponto de chegada.
Revejo a tua imagem de espiritualidade, foto digitalizada no meu cérebro, ponto de destino marcado por cheiros e texturas só vincadas nesse mapa astral de um cruzeiro no sul.
Nado, despregado de ideias romanceadas e sujas por escritos ruidosos de tormentos e infernos camuflados de teias de aranha e carcomidas por piranhas pensantes de outras épocas. Nado, feliz da vida, vendo-te digitalizada em mim, por mim, transparentemente limpa e fluorescente de vida.
Continuamos a nadar ou queres parar para respirar umas palavras mais?

Sanzalando

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