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15 de julho de 2006

Falar de amor

Senta aqui e faz corpo comigo numa atmosfera de paz e calor ardente.
Vês este corpo? É uma mentira, cortante; a única e infeliz companhia, sem alma e sem sentido; de vista surda, de fala cega que não consegue dizer o amor que tem para contigo. Tudo passa por essa palavra como uma força de bilhões de outras, que invertem o espaço, desfazem a ordem e conduzem ao caos.
Está certo que precisamos fumar um cigarro, abrir uma birra estupidamente gelada, conversar na sombra da lua, distrairmo-nos em poesias, provocar o mundo com nossas mentiras, falsidades, menos verdades e verdades verdadeiras. Mas há tanto em que pensar. Só um dia, caso ele chegue: quando não nos veremos mais tão comuns, não precisamos pensar.
Vai, cada vez parece mais distante, Aqui fico eu, parto do inferno no infinito presente.
Um dia, de volta a este mar, serei maior que o mundo, anónimo entre bares sempre dantes navegados. Beberei as minhas birras nesta mesma areia de mil cores e folgarei no meio das trevas do zulmarinho carregado de calema. Nesse dia, o fogo deste cigarro e a claridade da lua serão os meus guias, ainda que a brisa fria e a manhã que chegará serena. E com os olhos rasos de água, na tua esperança, na tua inocência, seremos irmãos e inimigos, ignorando as horas, qie passámos em silêncios e distantes

Sanzalando

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