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7 de julho de 2006

Deixa para lá

Olho o zulmarinho. Caminho na beira-mar, aproveito para respirar enquanto deixei os cigarros lá para trás na bolsa junto com a tolha, fazendo uma ilha no meio de gente barulhenta e com medo que a vida acabe no próximo segundo, tal é a velocidade que querem viver aqui nesta areia de mil cores, fazendo exercício de absorção de sol de um ano inteiro em meia dúzia de dias.
Caminho trazendo os meus pensamentos e diálogos entre o mim e o eu. Tu vens comigo. Tu vens sempre comigo. Vives-me com a intensidade devoradora de um sonho.
O zulmarinho marulha na sua calma, que se não fosse salgado, eu te teria dito doce calma.
Olha só como a natureza humana é um monte de complexidades complexas e incrivelmente confusa dentro da própria confusão. Observa como é gritante a capacidade humana para dificultar a sua própria vida, te digo mais, olha para a capacidade de tornar o processo da sua existência muito mais desgastante do que ele deve de ser. Observa como as pessoas têm uma capacidade enorme para complicar tudo, quando sabem que existem caminhos interessantes para facilitar os acontecimentos. Existem pessoas que, por mais absurdo que possa parecer, preferem tornar o difícil em impossível, quando esse difícil poderia ser transformado em fácil. Te ensino que a humanidade é uma espécie que vive em evolução. O processo da nossa existência ocorre pela evolução enquanto vivemos. Não nascemos por mero acaso, existe uma razão de ser para isso, e se nos negamos a evoluir como necessitamos, a tendência é só regredir. Ou seja, não somos donos da verdade e jamais o seremos. Somos todos seres imperfeitos e jamais atingiremos a perfeição. O que somos é eternos, no intervalo entre o nascer e o morrer, aprendizes. Enquanto vivemos, enquanto existimos, aprendemos. E só paramos de aprender a partir do momento em que termina a nossa eternidade.
Olha só como o ser humano é muito vaidoso, muito arrogante, quando se quer mostrar superior aos seus semelhantes. Essa superioridade, definitivamente, não existe para ninguém.
Olha, deixa para lá que o fim de semana vai chegar.

Sanzalando

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