Mundial de futebol 2006. Bem, este é o único assunto que se fala por este Mundo. E eu posso fazer mais como? Quarta feira são as meias finais. O País já está parado e os outros poucos como eu vamos mesmo fazer mais como? Se não é possível vencer o inimigo, só resta unir-me a ele.
Desde antes do início do campeonato mundial de futebol que esse é o único assunto abordado por toda a imprensa nacional na qual também incluo as revistas cor de rosa. Ainda bem que a FIFA só o realiza de cada quatro em quatro anos.
É bem verdade que há o lado festivo, a confraternização entre os países e povos, o espírito de fair play incentivado pelos organizadores.Mas sobressai o lado mau. Enquanto durar o campeonato, esse é o único assunto que a imprensa abordará e como o tema é realmente bastante limitado temos de nos conformar com ridículas peças que abordam desde as bolhas nos pés de um jogador, ao dia a dia da mediáticas esposas e namoradas, a dúvida cientifica de saber se o jogador X está ou não em condições de jogar, se deve ou não jogar. Um dia destes estava a assistir ao telejornal e a apresentadora fazia a previsão do tempo na Alemanha para o dia seguinte. Chego assim à conclusão que se este país fosse um pouco mais culto o referido o jornal seria apresentado totalmente em alemão, já que foi quase todo feito de lá.
O futebol assumiu uma postura tão importante que podemos defini-lo como um verdadeiro processo ideológico, extremamente poderoso, acredito que o mais poderoso, neste país. Nenhum meio de controlo é tão eficaz como o futebol, nada escraviza tanto a nossa mente do que vinte e dois homens a correr atrás de uma bola durante noventa e mais alguns minutos por causa dos tempos perdidos ou mortos.
Um dia ainda hei-de ver alguém a procurá-los no relvado como em tempos de um brinco.
Um dia Karl Marx afirmou que a religião é o ópio do povo, quando concluiu que a religião é apenas uma ideologia burguesa para conter qualquer revolução. Disse isso pelo facto do ópio ter efeito alucinógeneo que prejudica a percepção dos sentidos. Trazendo Marx para o Campeonato do Mundo eu diria que o futebol funciona como o ópio do nosso povo tornando-nos mais passivos e inertes do que o habitual.
Posso afirmar que neste momento o futebol assumiu uma postura de elevada importância na sociedade ocidental que seria possível classificá-lo como algo análogo a uma divindade.Esta comparação de Deus-futebol não é nenhuma novidade. O que me preocupa é o facto de o futebol estar a ganhar muita relevância nos países em que até pouco tempo atrás este passatempo domingueiro não tinha essa importância toda, tornando-se, literalmente, num método ideológico em escala mundial, visto que segundo expectativas da FIFA, cerca de três biliões de pessoas viram a abertura do campeonato do mundo.Outra coisa que me deixa de certa forma constrangido é o 'nacionalismo no campeonato do mundo'. A maioria das pessoas não cultiva nenhuma espécie de nacionalismo (em linhas gerais, o amor pelo seu país), mudando essa situação totalmente de figura nestas quatro semanas. Roupas com as cores da bandeira nacional, bandeiras em tudo o que seja haste, antena de TV ou varanda. Por todo lado onde andamos é possível encontrar espalhadas bandeiras nacionais. Terminado o campeonato, esse nacionalismo desaparece com uma velocidade incrível.
Realmente, de tudo que este mundial já deu, pelo menos isso poderia permanecer
Sanzalando
eu diria que o futebol funciona como o ópio do NOSSO povo tornando-NOS mais passivos e inertes do que o habitual.
ResponderEliminarNosso?? Tornado-nos? Afinal és angolano ou tuga???
Estamos com Portugal no coração, pelos amigos e pelo nosso querido Felipão. Corrente pra frente. Temos que acreditar!
ResponderEliminarForte abraço,
Kafé.
:-o
ResponderEliminarsem identificação não hé explicação. No entanto fico grato por ver que há alguém que lê com quase atenção aquilo que escrevo.
Kafé Roceiro:
Penso que hoje, todo o mundo Lusófono, está com Portugal.