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9 de julho de 2006

Para o que der e vier


Faz sol e faz silêncio entrecortado pelo marulhar mais suave de todos os dias até ao de hoje. Sentado na minha poltrona de rocha esculpida pelas ondas zangadas deste zulmarinho que hoje parece ter caído num caldo de calma gelada. Tou sentado como que a remar a minha vida deste lado. Remo o meu barco de Magia com ganas de chegar ao lado de lá, ao outro lado da linha recta que é curva. É tarde, mas vou navegar, porque nunca é tarde para renascer. Daqui finjo que vejo o meu destino; o que se foi, o que se gastou antes de eu chegar aqui, o que ainda está distante e até parece que não o consigo lhe ver. Mas neste mar não se navega sozinho, é perigoso e se precisa de muita energia para se combater a inércia do repouso.
Daqui sentado olho a falésia e me parece que o mundo fica em ruínas; é um quase o nada com tanto de podia ter sido.

Crianças fazem a roda na areia de mil cores da praia, buracos imitando piscinas, os adolescentes jogam a bola exibindo seus corpos e, principalmente, seus sorrisos nas moças como se quisessem dar uma qualquer música.
E esta água aos pés, que me salpica de gotas salgadas lembra-me uma coisa ausente porém sempre presente, sempre constante.
Tu, teimosamente sentada a meu lado, me escutas nos devaneios, me aparas as lágrimas, me afagas o pescoço com um leve toque das tuas mãos, como que a dizer-me que estás aqui. Para o que der e vier.

Sanzalando

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