A Minha Sanzala

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16 de julho de 2006

Esperar a esperança

Sigo debitando palavras num sussurro rouco de voz cansada pelo tempo gasto nestas deambulações pela beira do zulmarinho. Caminho constante de cá para lá, outras vezes, corpo cansado me sento na poltrona de rocha esculpida pela força das águas invernais traduzidas pelos infernos da angústia da espera.
Espero sempre qualquer coisa. Que me ouças, que te provoque um misto de saudade e melancolia, que te leva a emoção e te desperte uma curiosidade. Ouves-me no teu silêncio, por vezes forçado, outras vezes propositado, umas vezes dou por ti outras nem sei se estás aí a me ouvir. Mas mantenho sempre a esperança de poder com emoção abrir-te o coração e falar-te dos meus segredos, de transparentizar a minha alma. Ouço as vozes que me chegam de desde lá do outro lado da linha recta que é curva, ouço os choros, as gargalhadas, lamentos e júbilos. Sinto as lágrimas que nascem lá e ao sabor das correntes me chegam aqui, como mensagens telepáticas e que eu te falo na minha voz docemente surda. Sinto a esperança que vem desde lá e aqui eu tas traduzo nestas minhas frases simples, desparagrafadas e despontuadas, num ritmo que eu sei tu entendes. Se te falo do biquini azul eu sei que descodificas no teu código de barras, se te falo da lagosta mapundeira que se banha no início do zulmarinho, tu logo vês o paradigma de um retrato ainda feito a preto e branco.
Caminho na beira do zulmarinho, deixando marcas que uma maré mais cheia as apagará, mantendo a esperança de te ter viva dentro de mim, de te sentir viva dentro de ti. Na tua introspecção nocturna vês o filme que te enceno na tela do teu pensamento como um filme em que tu és a artista principal.
Sanzalando

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