A Minha Sanzala

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5 de julho de 2006

Desculpa só

Senta aí e me escuta que eu só posso dizer isto uma vez só, ou pode acontecer dizer-te outras mil vezes. Insisto porque sim ou desisto porque nunca desisto. Falo-te porque me apetece falar, te apetece ouvir num diálogo de uma só voz.
Olha só para ti. Olha só para mim, olha para esse mundo aí na tua volta, nesse mundo que se espraia a ouvir o marulhar do zulmarinho. Olha-nos bem na cara e diz-me o que consegues ver.
Todos passamos uma vida presos, como pássaros em gaiolas. Estamos rodeados de medos que são a rede que nos engaiolam. Medo de amar, de olhar a vida de frente, medo de seguir a liberdade que temos de navegar nos sonhos, na nave mágica do pensamento. E vivemos neste pequeno espaço em que torneamos a vida. Com maior destaque cantamos as nossas dores e tristezas, as nossas perdas e derrotas. Os sonhos ficam para os pequenos sorrisos que às vezes libertamos, como que a pedido e quase nunca de nossa livre vontade.
Muitas vezes, as portas das nossas gaiolas se abrem mas nós permanecemos ali, acostumados, encolhidos nas nossas vontades e sonhos. Não tenhas dúvidas que devias, na primeira oportunidade, lançar o teu o voo de falcão, calmo, confiante e determinado em direcção ao teu limite.
Não devemos ter medo dos rochedos. Sobre as falésias e rochedos devemos estender as nossas asas corajosas de falcão e voar ao sabor da corrente da imaginação e vontade.
Devíamo-nos soltar ao vento e deixarmo-nos levar ao sonho sonhado nas horas de desejo.
Como o condor, tentemos ver as pequenas coisas na nossa volta e saibamos senti-las e apreciá-las, dando um sentido novo à nossa vida.
Não devemos ser passarinhos de gaiola, mas falcões e condores do céu. A cada dia existe uma renovação constante, e nunca um dia é como o outro. Não há dores eternas, lágrimas eternas, perdas eternas.
Há sorrisos, dias de sol, o abraço dos amigos e tantos sonhos sonhados e desejados.
A vida é um recomeçar diário de um voo sem limites.
E gaiolas não foram feitas para pássaros.
Desculpa só, que agora tenho que limpar esta gota de zulmarinho que escorre na minha cara e parece é lágrima.
Desculpa só, que agora tenho de libertar mais umas quantas grades desta gaiola e lançar-me, no sabor de uma birra gelada, ao vento que sopra vindo da linha recta que é curva.
Desculpa só, que agora tenho de ir viver os meus sonhos.
Enquanto eu faço isso tu aproveita para dares umas braçadas no zulmarinho, te conheceres na leveza do teu corpo flutuante.
Sanzalando

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