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24 de outubro de 2004

Um café na Esplanada (29)

Eu sou um cão 14-07-2004 21:30

Redacção que nunca escrevi, mas li.
Eu sou um cão. Um cãozinho mais pequeno que um olho de avestruz. Mas não sou cão vadio. Tenho dono. Sim, dono. Eu tenho que fazer tudo que ele manda. Mas ele manda com o coração e não com a cabeça. Por isso muita gente ri. Mas poucos percebem o que ele me diz para fazer. Calha apenas. Coincide, como vocês humanos dizem. E riem. Nunca percebi se de mim se dele. Mas ele pouco se importa. Se o contrario ele sai, desaparece. Volta mais tarde dizendo que nunca mais volta a fazer coisas de circo para mim. Mas são só cinco minutos. O meu dono é mesmo igual só a ele. Ele fala com toda a gente quando me leva á rua, ele é sorrisos para todos, ele é acenos, uma simpatia. Quando voltamos ele desabafa comigo, esquecendo que sou cão e não burro. Ele pinta a manta de todos os que com ele se cruzaram. O meu dono é mesmo igual a só ele. Ele pinta cada foto que parece um cromo, e eu fico-me a pensar se de facto ele saiu á rua comigo. Tudo parece diferente do que vi e do que senti. Ele é o meu dono. Ele é o meu amo e senhor. Se eu não existisse ele teria de ser inventado. Ele é o meu dono. Eu sou do tamanho dele.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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