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24 de outubro de 2004

Um café na Esplanada (44)

Geladas, muitas 31-07-2004 00:37

Hoje vou mesmo beber para esquecer. Quero esquecer completamente. Esquecer quem sou, esquecer quem conheço, esquecer o mundo.
Li, sob o sabor de umas e outras bem geladas, resmas de textos em paletes de 'fios'. Quero esquecer quem sou! Nos meus textos encontrei mediocridade, vulgaridades, palavras repetidas, recados mal dados, sonhos que se tornaram pesadelos. Santa inocência a minha. Hoje quero beber para esquecer que existo, que escrevi milhentas palavras sem nexo. Quero esquecer que plagiei, quero esquecer que que mesmo nos meus erros não sou pioneiro. Pópilas, até nos meus erros não sou original. Quero esquecer que as loiras geladas existem, as morenas geladas fazem mal, mesmo que me diziam quando criança que eram fortificantes e etc e tal.
Hoje, finalmente hoje, bebo para esquecer!
Anel dourado nunca existiu, foi fruto de tamanha bezana, Fénix renascida das cinzas não foi mais que uma intoxicação tabágica em mistura com as gramas de álcool ingerida.
Fruto tropical é um sonho de muitas bebedeiras.
A estepe não é mais que uma savana desertificada; as máscaras de madeira são pesadelos infantis das reminiscências ancestrais. Fadas boas e más existem!
Bebo para me esquecer de mim. Bebo para esquecer que passei por este mundo.
Talvez seja melhor não beber! Lúcido consigo ver onde está a serpente e a macieira. Lúcido consigo ver-me sentado na esplanada a olhar para o horizonte e ver o amanhã cheio de sol, mesmo que chova. Lúcido consigo diferenciar a mediocridade do sofrível e do bom. Lúcido sou, e estarei.Cinicamente hoje não bebo! Quero ver a trampa boiar no oceano azul que acredito existir.
Hoje afinal não bebo!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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