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20 de novembro de 2010

acho adoeci sem estar doente

Acho que já pus a mão na testa umas cinco vezes para ver se tenho febre. Me arrepio e depois tremo num constante delirar de sonhos que me lembro de nunca ter sonhado. Sinto o cabelo revolto como se não me penteasse faz mais que muitos dias, sinto olheiras como se não dormisse há mais que muitas noites e tenho a barba crescida como se me tivesse esquecido de a fazer logo pela manhã de dias lá para anteontem. Acho que estou doente, acho que deliro palavras que não entendo, acho que quero voltar à casa onde nasci e sem ajuda do cajado ou bengala. Quero caminhar sem pressa, como se tivesse todo o tempo do mundo. Estou doente apenas por isso. Mas nada tenho fisicamente porque febre não tenho, os olhos não estão nem amarelos nem as olheiras estão acentuadas e o corpo não está enfraquecido. São delírios, apenas isso. Talvez necessite dum afago de mão amiga, talvez precise de apagar o fogo do espírito explosivo de tanta nostalgia.
Acho que deliro na palavra que não pronuncio faz mais que muito tempo. O teu nome!
Calo-me com medo que o gaste ou te afaste definitivamente nesta fronteira de mar que me embala nos sonhos que sonhei.
Acho que adoeci porque não me viste crescer e porque o teu nome nunca me saiu do coração.
Me arrepio e deliro em ser criança outra vez esquecendo o cabelo grisalho e as faltas de memória.

Sanzalando

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