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10 de novembro de 2010

Chuva no mar

Me deito aqui a ver a chuva que cai sobre o mar e me pergunto o que esconde o mundo para lá daquele farol.  Eu não fui nunca mais além do daqui, nunca aproveitei as minhas asas para voar para além dali. Fico aqui a ver o mar ser molhado pela chuva e me deixo levar no vento da imaginação as imagens que guardo e as que já não sei se são reais ou apenas memórias de imaginações. Me deito aqui e sobre uma almofada de ideias deixo cair as pestanas num sonolento vaguear por mim. Ela, as imagens que tenho dela, as ideias que me sobram dela, a voz que não sei é dela e que me chama num alucinado ouvir de apenas eu.
Me deito aqui, deixo o tempo passar por entre os dedos, sem medos que um dia eu vá dele precisar.Vivi-o mesmo que tenha sido num tempo imaginário duma realidade que não teve lugar. São sonhos, são memórias, são imagens. Já fazem parte de mim, mesmo que eu as perca no esgotado tempo que um dia vou ter. Heranças que herdarão aqueles que estiveram comigo quando eu estava mergulhado num banho de solidão. 
Aqui deitado, vendo chover sobre o mar, vivo as memórias que sonho, que são reais, que imagino e as que invento. São essas que me fazem companhia, me acariciam e me embalam no cair da noite alta quando tapado com os lençóis da nostalgia.
Me deito aqui a ver o mar ser molhado pela chuva e o meu rosto pela escuridão.

Sanzalando

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