Vestido como quem vai em expedição a um dos pólos, me sento à beira deste mar daqui, que está muito diferente do mar de lá. Nota-se mesmo neste uma cor azul gelada enquanto no de lá deve estar um azul que até apetece se atirar num mergulho estilado. Mas como cada um tem quem lhe merece, me eis aqui a ter-me aqui, na clandestinidade do pensamento em lá. Há assim um amor descompromissado, uma paixão sem limites uma estar junto sem obrigação física.
Vestido como quem vai num dos pólos me deixo levar nestes encontros vulgares, onde me esqueço onde termina o mundo real e começa o imaginário. Aqui me embalo numa descida vertiginosa por vales de dunas, por cruzamentos casuais da vida desértica, por vertentes abruptas da coerência arenosa da solidão.
Vestido como se já estivesse num pólo, me enrosco neste sabor a mar gelado e me deixo levar na vulgaridade de ser um apenas eu, que encalha palavra em palavra, num lacrimejar de frases soltas escritas na voz de quem chora.
Gelado, cabeça ao vento me arrefeço na nostalgia de ser quem fui outrora e sorrio porque agora sou mais bonito, mais vazio, mais muito mais, sendo que este mais mais não é que um ponto imaginário dum restaurar de passado presente com futuro.
Sanzalando
Olá poeta!
ResponderEliminarSó para dizer que gostei bastante.
Não comento mais porque me sei maçadora.
Tudo de bom.