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11 de novembro de 2010

olho o mar

Olho o mar. Sereno como se fosse um campo em repouso. Sopra uma brisa, apenas para me trazer o perfume da maresia, apenas para me dar uma cor à solidão. Apetece-me escavar um túnel, caminhar sob o mar e chegar lá longe onde o calor deve estar a apertar. Chegado daria abraços, distribuiria carinhos e sorria num não parar como sorria quando era criança.
Olho o mar e me deixo levar na fantasia de que um dia poderei alcançar o outro lado, apenas com um esticar de braços.
É o poder do delírio, desta febre que não tenho, desta doença que não sofro, deste amor que sinto.
Olho o mar e me deixo navegar por ondas calmas duma imaginação que quer que esteja ali numa outra margem o mundo que sonhei acordado enquanto olhava o mar.
Na areia desenhei uma clave de sol. Tentei rabiscar notas de música numa escala que nem um surdo seria capaz de ouvir. Eu que tenho ouvido estrábico num olhar surdo de saudade tentei cantar uma balada em ritmo de samba e saiu uns grunhidos que quem me olhou me atirou fogo no olhar. 
Olho o mar e ele agora pereceu-me uma parede de pesar.
Olho o mar e choro por chorar com vontade de escavar um túnel e zarpar.


Sanzalando

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