Por aqui vou ficando, ouço o mar, sinto-lhe o sabor salgado de algumas gotas que salpicam quando ele bate nas rochas e vou queimando o tempo, gastando a ausência. Menos um dia. Pareço mais um prisioneiro de mim riscando os quadradinhos dum calendário imaginário do que um passeante à beira mar. Mas a imaginação não me escolhe outro tema e teima em pensar em ti. Eu obedeço porque não quero loucar num louco grito de raiva. Podia estar a plantar rosas, mas não sei se é época delas agora. Podia estar a grafitar paredes imaginárias se tivesse algum jeito para o desenho e pintura. Podia estar sentado bebendo uma ou outra cerveja geladinha numa qualquer esplanada da mima memória mas a verdade é que não está calor para isso.
Com tantos podias e eu sigo a areia da praia num vai e vem como o mar que me acompanha num paralelo afastado.
Poderia libertar-me do corpo e deixar-me navegar pelas ondas da imaginação até um lugar distante sem ter de estar a fazer comparações e equações. Mas na verdade não estou.
Aqui, apenas ouço o mar e lhe sinto o sabor salgado no tempo que gasto.
Chorá-lo-ei um dia? Não, jamais teria coragem de chorar por ter usufruído da imaginação, esse meio de transporte que me leva onde eu quero estar. Não, não tenho tempo a perder com coisas superficiais. Deixem-me viajar em mim escrevendo em voz alta.
Sanzalando
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