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28 de novembro de 2010

Domingo sério não tem título

Hoje é dia de assunto sério. Não fui ver o mar porque não me apeteceu. Hoje não era dia para, como se diz, estar aqui a derramar saudade, pintar nostalgia em aguarelas de lágrimas. Hoje mesmo, Domingo, em que de pantufas apetecia estar, sentado a uma lareira a ouvir uma musiqueta, ler um livro ou apenasmente dialogar com a sorte de poder fazê-lo. Mas não. A irrequietude da juventude que vai passando nas folhas dum calendário me arrastaram para fora da cama na madrugada dum Domingo de sol, que foi de pouca dura. Madrugada, modo de falar num domingo de nada fazer. Mas a verdade é que o sol brilhante, mas fraco, convidava a dar um passeio na minha fiel bicicleta. Equipado a rigor, de capacete, bem agasalhado, lá fui sem destino traçado que andar à bolina do acaso tem mais piada.
Como é hábito, sempre que vejo uma estrada que nunca tinha reparado é por aí que sigo. Às vezes bem me arrependo, porque depois duma curva ou dum telhado ela sobe que nem minhas pernas choraminguinhas aguentam o esforço. Mas é assim e eu vou fazer mais como então. Mas entrado numa dessas estradas olho para a paragem do autocarro e fico a saber onde estou. Melhor que qualquer GPS. Olho bem para ver se os meus olhos estão mesmo a ler o que lá está escrito. Sim senhor, estou em Olhito. Se por acaso alguém me telefonasse naquele instante e eu dissesse onde estava... deviam pensar que eu tinha pirado outra vez de vez. Não, não. Pirei só uma vez e não tem cura, não se preocupem. Mas em Olhito encontrei uma rotunda que ninguém lhe atravessa a direito. Tem monumento ao Caterpila e ao Calhau. Está documentado que eu não sou de inventar. Porque até a rua, como uma seguinte paragem do autocarro, ou será camioneta, diz isso mesmo para confirmar.
Mas ainda não contente com este passeio lá fui pedalando, não me venham dizer que é sempre a descer, porque a terra não é um quadrado e eu tenho de voltar ao lugar de partida .

Na verdade fui por estrada de terra batida, melhor dizendo, por caminho de lama e bué charcos para me salpicar de lágrimas de terra pelas costas e não só, um pouco mais abaixo também.
Almoçado uma moamba num restaurante afamado da cidade, que por acaso hoje até estava muito boa, embora só conhecesse esse prato no início da saudade, que eu não sou mentiroso e lá eu não comia isso nem me lembro de lá em casa alguém falar dessas coisas menores... fui ver a bola. Sim, esse desporto onde andam a dar pontapés naquela coisa redonda que salta e se gritasse com os maus tratos que às vezes sofre, estávamos todos já surdos. E o jogo não acabou porque acabou a luz do Estádio assim num repente em que estávamos a ganhar e tudo. Amanhã tem que se repor o tempo que falta e eu terei que ouvir a Imaculada sabedoria do Mestre da bola, o Sr. Ricardo Sá Pinto, que sempre pautou a sua vida por comportamentos exemplares, segundo me gritou aos ouvidos, porque alguém lhe chamou de mentiroso. Coisas da bola num Domingo em que por ser sério não tem título. É apenas Domingo


Sanzalando

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