Recolhido, junto à beira mar, mas escondido do vento e da chuva miúda que teima cair, apenas para me molhar num incómodo mal estar, fecho os olhos e olho para a minha alma. Tento fazer contas. Quantos anos de mim já estão no cemitério do passado em relação aos que têm esperança de ser vividos? Ah, este olhar para dentro, esta aritmética desassimétrica em que me encontro, faz com que o futuro seja uma luz brilhante, cintilante que não sei a que distância está. Ah, dúvida!
Mas olhado para alma com um olhar sempre diferente encontro-me cada vez dum forma nova, num sonho sonhado e tantos por sonhar que penso que não haverá dia em que a simetria atinja o seu expoente máximo. Se houver será injusto.
Que diriam os meus amigos se eu não aparecesse aqui um dia para olhar o mar num eternamente? De acordo comigo diriam que era injusto. Os meus sonhos que ainda não foram revelados ficariam para sempre perdidos, o que acho para eles seria injusto. As minhas memórias que ainda não me lembrei ficariam para sempre soterradas no esquecimento das minhas cinzas, o que eu não vejo que fosse úteis para elas e portanto, seria injusto.
Mas na verdade não tenho que olhar para alma mas sim para o mar e ver o azul reflectido nos meus olhos castanhos, como castanhos eram os dela.
Sanzalando
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