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3 de novembro de 2010

Por aqui procuro

Como sempre, me sento por aí, algures perto dum mar de mim. Desconsigo ver o mundo, o meu mundo, sem um mar ao lado. Tento fugir-lhe e ele não me sai da memória, por isso faz tempo que não insisto. E por aqui sentado me deixo partir em viagens, às vezes com destino e outras muitas apenas com desejo. Fixo, é claro. Já pensei deixar de falar-me dessas viagens mas não consigo, tal como o mar, é uma fixação. Por isso já não me contrario, já me deixo embalar sem travar o pensamento.
Por aqui sentado adormeço num acordado viajante, e me embalo por ruelas povoadas de cigarras que interrompem o canto à minha passagem. Desvio-me de umas muitas poças de água duma chuva que mentalmente me inundou. Procuro um arco-íris, procuro o canto alegre duma moça enamorada que distraidamente cante à janela a sua paixão, procuro o velho mais velho que me conta uma estória da sua memória, procuro o teu rosto numa sombra ou desenhado numa das muitas nuvens por agora me abundam no céu. Procuro vagamente é por mim, sentado num passeio a assobiar uma música dos Osibisa, a banda afro-rock caribenha de Inglaterra, enquanto penso nela e me deixo rebolar num contorcionismo que a minha idade já não suporta.
Como sempre aqui sentado, parto e não chego a lugar nenhum.

Sanzalando

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