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24 de novembro de 2010

sorrio porque sim

Daqui, onde chove frio que entranha nos ossos e estala a alma de tanto se arrepiar, atiro os olhos e cravo o meu olhar para lá da linha horizontal que nos separa ao mesmo tempo que regressa o sorriso à minha cara fechada.
É fim de tarde, fim de dia num entardecer triste mesmo para o mais alegre. É cinzento gelado carregado de escuridão trazida pelas cinzentas nuvens que me tapa o céu que imagino esteja por cima delas. Mesmo assim sorrio porque consigo ver de memória as imagens que tenho de quando calcorreava a cidade, a esta mesma hora, para tantas vezes quantas as possíveis eu me poder cruzar contigo no teu passeio diário de fim de tarde em família. Sorrio, porque me lembro dos amigos que me esperavam sentados na esplanada do café para irmos ao perde paga numa mesa de bilhar perto de nós. Também sorrio porque me lembro de imagens, que não tenho, as tardes passadas na discoteca, quando esta mais não era que uma modesta casa de ouvir música, ao lado de amigos em qualquer dia da semana.
Sorrio porque nunca imaginei que um dia podia estar a imaginar todas estas relíquias do meu tesouro memorial.


Sanzalando

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