Me sentei era manhã cedo a ver o mar. Me deixei embalar nos sonhos e imaginações, naveguei por caminhos outrora conhecidos, bolinei por ruas de gente que ri, saltitei num compasso de malhão malhão por entre ideias e certezas, fotografei de memória rostos que conheci e me esqueci do tempo e das palavras. Brindei-me na solidão de poder estar em silêncio e cantei calado canções do tempo em que eu não olhava para ti porque estava ocupado em ser criança.
Me sentei e me esqueci de falar, comigo e contigo. Me esqueci completamente quem era e quem eras. Me embalei perdido num festim dum qualquer campo de terra batida e amareleci num adormecer poeirento de nostalgia sem sentir saudade. Recordei a menina ruiva que de vez em quando descia de serra, a morena alta do cimo da serra que não descia a montanha para vir ver o mar, da menina do mar que nunca soube se subia a serra para ver mais além. Recordei o amigo, vizinho e traquinas, o loiro e o moreno, o gordo e o magro, o alto e o baixo, o simpático e o ruim que nunca deixou eu lhe aproximar.
Me sentei e me embalei a ver o mar e me esqueci de falar.
foto da internet
Sanzalando
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