Talvez se estivesse a chover eu não sentiria esta impaciência visceral de desatar a correr mar adentro e beijar-te num escaldante beijo de verão, ou esperar o pôr do sol e retratar-me contigo e ele em pano de fundo numa fotografia de qualquer cartão postal ilustrado.
Talvez se estivesse a chover eu não sussuraria em silêncio versos de amor que nunca escrevi e estaria a olhar a janela e ver a água a escorrer pelos vidros como uma qualquer águarela.
Talves se estivesse a chover eu estaria a esculpir desejos de sol numa qualquer pedra do meu sapato.
Talvez se estivesse a chover eu choraria por nada.
Mas não chove e eu venho aqui olhar o mar e ver se ele me leva num embalado sonho ainda não realizado, pelas escadas da vida, encruzilhada de quereres e misturada de sensações.
Me deixo no desejo de chuva a olhar por uma janela que mostre a tua rua e tu a passeares por ela.
Sanzalando
Sem comentários:
Enviar um comentário